Sol e mar sempre é bom. Se contar com a estrutura de resorts, com bares por perto, festas, esportes para todos os gostos, centros de hidromassagem, animação e a convidativa água azul do Caribe, melhor ainda. A combinação desses elementos se torna perfeita se a praia em questão estiver encravada na exuberante Punta Cana, na República Dominicana, um dos destinos mais procurados por brasileiros interessados em curtir as ilhas caribenhas.
Mas, às vezes, bate a vontade por um programa diferente. Um pouco de cultura e história cai bem para tornar o roteiro da viagem mais diversificado. No contexto da República Dominicana, que divide o território de uma ilha com o triste Haiti, a cidade de La Romana, praticamente desconhecida dos brasileiros, é opção para cumprir o papel de alternativa ao agito praiano de Punta Cana.
Com um grupo de jornalistas brasileiros que visitaram o país recentemente, peguei a rota de La Romana. O percurso é feito em menos de uma hora. No caminho, estradas bem pavimentadas e vazio no horizonte dos dois lados da pista, reflexo de áreas que foram desbravadas e entregues à iniciativa privada exclusivamente para preparar a recepção aos turistas.
Chegando a La Romana, o primeiro destino encantador é Altos de Chavon. Cidade cinematográfica construída por um estúdio hollywoodiano nos anos 1970, lembra uma vila medieval. No percurso até o local, deparamos com diversas lojas de suvenires, artesanato e grupos de cultura dominicana.
Anfiteatro Altos de Chavon (foto: Carlos Rollsing)
As ruelas cercadas por prédios antigos e bem conservados de Altos de Chavon ficam no pico de uma pequena montanha. Do alto, é possível visualizar o leito de um rio. Aliás, foi em uma queda dágua próxima de Altos de Chavon que Sylvester Stallone gravou cenas para o filme Rambo II. Tomadas de Apocalypse Now, com Marlon Brando e direção de Francis Ford Coppola, também foram captadas no local.
O mais belo recanto do destino, porém, é o Anfiteatro de Altos de Chavon. Inspirado na arquitetura greco-romana, tem um palco ao ar livre, cercado por degraus de pedra que formam uma meia lua, com capacidade para 5 mil pessoas. Legendas como Julio Iglesias, Sting e Caetano Veloso se apresentaram nesse espaço.
Os gestores de Altos de Chavon prometem para breve um festival somente com músicos brasileiros no anfiteatro. A ideia, claro, é mostrar ao país que existe algo além de Punta Cana na República Dominicana, que cresce paulatinamente calcada no turismo, na plantação de cana de açúcar e tabaco e na indústria têxtil.
Caverna da beleza
Nas conversas com os simpáticos dominicanos, nenhum deles deixa de recomendar uma passagem pela Cueva de Las Maravillas, outra interessante opção turística de La Romana. Trata-se de uma caverna utilizada por uma tribo de cerca de 150 índios Taínos, há 600 anos, para se proteger de tempestades e fazer rituais. Por iluminadas escadas construídas exclusivamente para receber turistas, descemos 25 metros em relação à superfície para ingressar na penumbra da caverna.
Lá dentro, o cenário é exuberante. Estalagmites e estalactites assumem formatos belos e curiosos, aguçando a criatividade dos visitantes, que enxergam rostos humanos, feições e animais nas rochas. Também pudemos ver de perto dezenas das 500 pictografias que estão no local. O grau de realismo da Cueva de Las Maravillas é impressionante. Não é preciso caminhar muito para sentir pingos dágua caindo sobre nós, tampouco para perceber algum morcego voando logo abaixo do teto da caverna.
Em lugar de rara beleza, dezenas de goteiras concentradas mantêm um espelho dágua dentro da caverna. Turistas jogam moedas no manancial e fazem pedidos. O passeio fica mais interessante com os detalhados relatos dos guias - que, ao depararem com as pictografias, explicam os rituais dos Taínos. Alguns macabros, como a antiga tradição de enterrar com vida a mulher preferida do cacique depois da morte dele.
Definitivamente, existem atrações no país além de Punta Cana.