Irmãos calculam que, ao todo, a viagem deve durar 4 meses e meio
Foto: Adriana Franciosi / Agência RBS
* Zero Hora

Não há muito mais do que roupas nas malas dos holandeses Laurence e Maurice Baltissen. Um mate paraguaio e algumas lembranças de países sul-americanos também ocupam espaço, mas não chamam especial atenção. O diferencial da bagagem que os acompanha na viagem ao longo de todo o continente americano está nas camisetas. Muitas camisetas.
Os irmãos deixaram seu país natal em direção ao Chile com centenas delas. Não que precisem de tantas para se vestir: as camisetas são sua moeda de troca. Transporte, comida, hospedagem e tudo o que for necessário para passar de cidade em cidade até seu destino final - o Alasca - é obtido por meio do escambo. Quando não conseguem trocar as camisetas pelo que mais precisam no momento, eles tentam vendê-las. O objetivo é produzir mil, ao todo, e o dinheiro que ganharem será utilizado para dar continuidade à viagem.
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Depois de passarem uma noite em Tacuarembó, no Uruguai, Laurence e Maurice chegaram a Porto Alegre no 16º dia desde sua partida de Santiago. Desembarcaram de ônibus na sexta, e pretendem partir na segunda ou terça-feira em direção a Foz do Iguaçu, no Paraná. Por aqui, bem em meio às comemorações pelo 243º aniversário da capital, aproveitaram para conhecer um pouco da cidade e festejar com pessoas que conheceram ao chegar e hóspedes do Hostel Boutique, onde encontraram abrigo.
- Nossa ideia é distribuir as camisetas para que possamos vê-las em vários lugares do mundo. Queremos mostrar como é possível viajar contando principalmente com a boa-vontade das pessoas - explica Maurice, 27 anos, cansado mas ávido por continuar a experiência.

Com pouco nas malas, objetivo é conhecer o mundo
Enquanto passeiam sem um roteiro definido - a única certeza que têm é de onde querem chegar - os mochileiros contam com os amigos que conheceram em viagens anteriores e online para saber onde encontrarão o próximo abrigo. Nem sempre dá certo: até agora, as semanas têm passado com eles batendo de porta em porta contando sua história, tentando conseguir um lugar onde repousar antes de prosseguir. A comunicação, mesmo sendo feita em inglês, não tem se mostrado um empecilho até agora.
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Para a dupla, o alívio nos percalços vem quando conseguem vender diversas camisetas - como em Paysandú, no Uruguai, antes de virem a Porto Alegre. Na capital gaúcha, a sorte não foi tanta: a tarde de domingo passou com eles se dedicando a convencer comerciantes a adquirir seu produto, sem sucesso. Mesmo assim, pelo menos encontraram apoio.
- Eles são loucos por fazer algo assim, mas são muito legais. Quis realmente ajudá-los, e vou fazer o que puder para que consigam continuar a viagem - garante o tradutor Carlos Pinho, que os guiou em um passeio por Porto Alegre como parte do projeto Free Walk POA e abriu as portas de sua casa aos irmãos.
Toda a viagem da dupla é narrada online. Em relatos diários postados no Facebook, os irmãos contam como chegaram até a cidade onde estão e pedem orientações sobre os próximos passos. A aventura, claro, sempre reserva surpresas - mas, para eles, mesmo os piores dias resultam em um aprendizado valioso.
- Com as piores experiências surgem as melhores histórias. Não há nada que não faríamos de novo. E acabamos sempre deixando de ver algo, é inevitável, mas assim ficamos com vontade de voltar - diz Laurence, 25 anos.
Projeto dá continuidade a viagem que os levou até a China
A aventura dos holandeses que começou no dia 6 de março marca a segunda edição do projeto Birthdaysuit, uma marca que Maurice e o irmão pretendem espalhar pelo mundo. Quanto mais pessoas eles virem usando a camiseta - sabendo que provavelmente as terão entregado pessoalmente -, mais satisfeitos ficarão. E já há uma terceira viagem nos planos. Desta vez à África, em 2016.
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A primeira edição do projeto começou em Portugal e os levou até a China em 2013, com um itinerário que passou por 45 países. Eles calculam que tenham distribuído 780 camisetas então, e agora já carregam cerca de 100 a menos nas malas.
- Às vezes estamos com frio, com fome, cansados. Mas sabemos que estamos vivendo a experiência mais bonita das nossas vidas - reflete Maurice.
Como ajudar
- Comprando camisetas, pessoalmente ou em lojas que tenham adquirido estoques. É possível conferir uma lista no site birthdaysuit.eu.
- Também se pode contribuir indicando pessoas ou estabelecimentos que podem receber os irmãos em sua viagem. O contato com eles pode ser feito através de uma página no Facebook.