
Felicidade e saúde são inseparáveis para a terceira idade, é o que indica a pesquisa Felizômetro 2014 realizada com 632 pessoas com mais de 60 anos. Aproveitar a vida com a família e os amigos, ajudar os filhos financeiramente e conhecer outros lugares do Brasil apareceram no estudo como os principais planos e desejos para o futuro.
Com a expectativa de vida aumentando, os entrevistados mostraram que estão se preparando para apoiar os filhos e parentes ao mesmo tempo em que não abrem mão de investir na própria qualidade de vida.
- Antigamente, as famílias eram maiores, tinham entre quatro e cinco filhos. Não havia espaço na casa para todos. Então, na medida em que os mais velhos iam crescendo, se sentiam pressionados a sair e trabalhar o quanto antes para poderem se sustentar. Hoje, pai e mãe trabalham para sustentar três pessoas, não há mais pressão, o filho tem seu próprio quarto e liberdade para sair e chegar a qualquer hora, ter vida sexual ativa preservada - analisa Jose Antônio Lumertz, professor de economia da UFRGS.
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Tadeu Ventura trabalhou durante muito anos como gerente de uma livraria e quando a filha mais nova nasceu, há 26 anos, resolveu empreender já pensando no futuro da família. Sua ideia era poder cuidar do próprio negócio, ter mais qualidade de vida e poder formar as duas filhas. Aos 65 anos, ele conseguiu realizar o sonho.
- Essa é minha forma de proteger as meninas. Quando eu vejo que elas estão com dificuldades ou vulneráveis, estou lá para ajudá-las.
Com a primeira filha, Tatiane Ventura, 34 anos, foi assim. Mesmo quando ela saiu de casa, há cinco anos, Tadeu continuou dando apoio financeiro até que ela pudesse se manter sozinha. Com a mais nova, Bruna Ventura, 26 anos, não foi diferente. Ele paga a pós-graduação e ela continua vivendo com os pais.
- Eu quero que ela tenha vida própria também, mas sei que autonomia acontece gradualmente. Enquanto eu puder protegê-la e ajudá-la, vou continuar fazendo.
Lumertz diz que, quando os pais mantém os filhos mais tempo em casa, os jovens têm mais mais tempo de formação e mais chances profissionais. A preocupação do economista é: e quem vai cuidar desses pais?
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- Há alguns anos, o filho mais novo ou um dos netos ficava com os pais. Teremos essa resposta em 20 anos, quando os pais de hoje estarão com cerca de 70, 80 anos. Em relação à saúde da terceira idade, manter os filhos em casa é bom, pois há muitos casos de aposentados que entram em depressão quando não têm atividades no dia a dia.
Para o economista, o filho não precisa mais voltar para casa para cuidar dos pais, ele já está em casa e, sem perceber, todos vão mudando o espaço para que os mais velhos estejam confortáveis e seguros e os filhos mantenham a liberdade conquistada.
Dos principais sonhos da terceira idade, dois Tadeu já está conseguindo realizar.
- Estar perto das meninas e saber que elas estão bem, em casa ou não, é minha maior felicidade.