
Maria Eduarda Polo tinha sete anos quando perguntou pela primeira vez à mãe se podia criar uma conta no Facebook. Ao negar o pedido, a servidora municipal Alessandra Polo, 42 anos, ouviu o clássico protesto:
- Todo mundo tem, por que eu não posso ter?
O argumento de que "todo mundo não é minha filha" serviu à época - com alguma relutância da menina - e vigora até hoje. Para amenizar a curiosidade, Maria Eduarda, hoje com nove anos, tem permissão para acessar o Facebook pela conta de Alessandra de vez em quando.
- Ela é muito pequena para ter uma conta. Tenho medo de que alguém possa se prevalecer de sua inocência - afirma a mãe.
Alessandra se alinha à maior parte dos pais brasileiros - 79% se consideram, mais do que a escola e o Estado, os principais responsáveis por promover o uso seguro da internet, de acordo com pesquisa realizada pela associação Chicos.net, com o apoio da Disney. Ao mesmo tempo, um estudo internacional realizado pela
Kaspersky Lab e pela B2B International mostra que apenas 19% dos pais afirmam que são amigos ou que seguem seus filhos em redes sociais, 39% monitoram as atividades online de seus filhos e só 38% conversaram com os filhos sobre os riscos online.
- Uma coisa é ter a consciência do que deve ser feito, e outra é fazer. Muitas vezes, os pais sabem que precisam ficar mais atentos, mas, por variáveis reais, não conseguem - comenta a professora de Psicologia da UFRGS, Inês Hennigen.
Ela ressalta que a curiosidade das crianças pelas redes sociais é até esperada, uma vez que elas se interessam pelo que é importante na cultura em que estão inseridas. Muitas plataformas dispõem indicação de idade mínima. Segundo Inês, isso pode ajudar na tarefa educativa. Ela observa que a família pode até assumir uma posição diferente e dar acesso ao filho à internet, mas é importante saber o tipo de público dos sites.
Deve ficar claro por que o filho quer ter acesso a essa rede social e o que isso vai agregar a sua vida. Carolina Lisboa, professora de Psicologia da PUCRS e coordenadora do grupo de pesquisa Relações Interpessoais e Violência, não recomenda que os pais fujam das tecnologias, mas defende que eles se sintam à vontade para definir o que querem para os filhos.
- A pressão social, por todos os colegas terem, é uma barra de bancar, mas é muito pior ir contra os próprios valores - defende.
Caso os pais topem que seus filhos criem uma conta, o monitoramento deve ser constante. Carolina sugere que haja conversa sobre o que é feito na rede e um negociação para que os filhos cedam a senha da conta.
Caso você permita que seu filho acesse as redes sociais, fique atento:
-Procure se informar sobre o funcionamento das redes.
-Negocie com seu filho e peça a senha para acessar as redes sociais.
-Tente explicar o alcance das redes sociais e que existem riscos. Oriente a criança a não postar fotos e informações sobre tudo o que faz.
-Peça para seu filho cuidar com quem vai conversar e de quem vai virar amigo no mundo virtual. O ideal é deixar o diálogo aberto para que ele lhe consulte diante de alguma dúvida.
-Evite ser invasivo (apagando mensagens e excluindo amigos). Não faça espionagem e nem fique bisbilhotando demais se não há um motivo de preocupação aparente.
-Pergunte sempre o que a criança tem feito nas redes sociais e quem são seus amigos.
-Muitas redes, como o Facebook, oferecem a opção de restringir o acesso às informações apenas às pessoas selecionadas. Custumize o perfil do seu filho.
-Atenção a sinais de cyberbullying.
Fonte: professora de Psicologia da PUCRS, Carolina Lisboa