

A definição de um otimista: quem, feito eu, planeja fazer mais do que o tempo permite. Alguém que, como eu, não tendo alcançado o impossível, tem certeza de que tudo vai acabar dando certo.
Uma definição mais clássica da Clínica Mayo: "Otimismo é a crença segundo a qual boas coisas lhe acontecerão e que os eventos negativos são reveses temporários a serem vencidos".
De acordo com um estudo, os adultos tidos como pessimistas, segundo testes psicológicos, tinham uma taxa de óbito mais elevada durante um período de 30 anos do que quem se mostrava otimista. Sem dúvida, os otimistas eram mais saudáveis porque estavam mais inclinados a se cuidarem bem.
Ao contrário do Cândido de Voltaire, ainda não perdi meu otimismo, embora claramente existam forças neste país e no mundo que poderiam subjugar até o mais ardente dos otimistas.
Sou uma realista, afinal, e me lamento pelas coisas em relação às quais pouco ou nada posso fazer diretamente: injustiça econômica, guerras e o fracasso repetido em aprender com a História, nossa sociedade louca por armas, a dependência excessiva de testes para estimular a conquista acadêmica e a tentativa de tirar das mulheres seus direitos reprodutivos.
Contudo, descobri que a vida é muito mais agradável quando se busca o lado positivo, vendo o copo meio cheio e presumindo que a razão terminará por vencer.
Mais do que ser positivo
A lei de Murphy - "tudo que pode dar errado dará errado" - é a antítese do otimismo. Num livro chamado Breaking Murphy's Law, Suzanne C. Segerstrom, professora de psicologia da Universidade do Kentucky, explicou que o otimismo tem tanto a ver com estar motivado e persistir quanto com ser positivo.
Segerstrom e outros pesquisadores descobriram que em vez de desistir e fugir das situações difíceis, os otimistas atacam os problemas de frente. Eles planejam um curso de ação, buscam aconselhamento e se concentram nas soluções. Sempre que meu marido, pessimista incorrigível, dizia que "não dava para fazer", eu procurava outra abordagem e tentava com mais afinco, embora, às vezes, tivesse de admitir sua razão.
Segundo Segerstrom, quando confrontados com pressões incontroláveis, os otimistas tendem a reagir construindo "recursos existenciais", por exemplo, procurando algum resultado possível da questão ou usando o evento para crescer positivamente enquanto pessoa.
Eu tinha 16 anos quando minha mãe morreu de câncer. Em vez de mergulhar no terrível vazio que sua morte deixou em minha vida, consegui valorizar a experiência. Aprendi a aplicar sua constante frugalidade de forma mais construtiva, vivendo cada dia como se fosse o último, mas com um foco no futuro caso não fosse.
Sim, eu economizava, mas também escolhia não adiar para um futuro nebuloso as coisas que desejava e podia realizar e, se tentasse muito, encontrava um jeito de fazê-las agora. E adotei uma abordagem muito direta em relação à vida, acreditando que se desejasse com ardor, eu provavelmente poderia vencer as adversidades.
Quando, aos 24 anos, me candidatei ao cargo de redatora científica no New York Times, um entrevistador me considerou atrevida por achar que poderia ser contratada com apenas dois anos de experiência em jornal.
- Se não me considerasse capaz, não estaria aqui - eu respondi.
Eu me revelei o que ele procurava e fui contratada. Como o que eu mais gostava era de pesquisar e escrever reportagens que pudessem ajudar as pessoas a compreender melhor a ciência e a medicina, me mantive concentrada nas minhas metas e abri mão de oportunidades para crescer na organização me tornando editora.
Otimismo aprendido
De acordo com pesquisas, a propensão ao otimismo é fortemente influenciada pelos genes, muito provavelmente pelos que controlam os neurotransmissores do cérebro. Mesmo assim, a criação também desempenha um papel. Os pais que incentivam a autoestima dos filhos evitando críticas e elogiando as conquistas, por menores que sejam, podem incentivá-los a ter uma atitude confiante pelo resto da vida.
Com a orientação certa, muitas das características do otimismo também podem ser aprendidas por adultos, segundo descobertas de Segerstrom e outros pesquisadores.
Observando ser mais fácil mudar o comportamento do que os sentimentos, ela ignora o dito popular "não se preocupe, seja feliz". Em vez disso, a autora recomenda uma forma de terapia comportamental cognitiva: aja primeiro e os sentimentos certos virão. Conforme sustenta no livro, "finja até conseguir".
Ela escreveu: "As pessoas podem aprender a ser mais otimistas agindo como se fossem assim", ou seja, "estando mais envolvidas e sendo mais persistentes na busca dos objetivos".
Caso você se comporte de forma mais otimista, existe uma probabilidade maior de continuar tentando em vez de desistir diante de um fracasso inicial.
"Talvez tenha mais sucesso do que espera", ela escreveu.
Mesmo que o esforço adicional não seja bem-sucedido, ele pode funcionar como uma experiência de aprendizagem positiva, sugerindo uma forma diferente de abordar um problema similar no futuro.
Enquadrando os pensamentos
É importante não negligenciar o poder do pensamento positivo. Tanto Segerstrom quanto os pesquisadores da Mayo recomendam reservar alguns minutos à noite para escrever três coisas positivas que aconteceram naquele dia, terminando-o num tom positivo.
Os pesquisadores da Mayo deram mais estas sugestões:
:: Evite falar consigo mesmo de forma negativa. Em vez de se concentrar nas perspectivas de fracasso, mergulhe nos aspectos positivos de uma situação. Na faculdade, eu encarava cada prova, mesmo quando mal havia estudado, com o pensamento de que eu iria me sair bem. Repetidas vezes, essa profecia se realizou.
:: Independentemente da natureza do seu trabalho, identifique algum aspecto que proporcione realização pessoal. Se o seu trabalho é esfregar o chão, dê um passo para trás e admire como ele está limpo e brilhante.
:: Cerque-se de pessoas positivas e animadas, mas tenha consciências de que se você for cronicamente negativo e sempre vir somente o lado sombrio das coisas, os otimistas ao redor podem terminar desistindo de você.
:: Concentre-se em situações que você possa controlar e esqueça as outras. Eu também sugeriria usar o poder do voto, dinheiro ou capacidade de comunicação para lutar por um objetivo que esteja além do controle pessoal.