Vida

Índice de Bem-Estar

A felicidade está com elas

Pesquisa que mede o bem-estar do porto-alegrense dá às mulheres mais um motivo para se orgulharem de si mesmas: não há agenda lotada que as impeçam de ser felizes

Lauro Alves / Agencia RBS
Fabrízia encontra o bem-estar dividindo seu tempo entre o trabalho e a família

A terceira edição do levantamento que mede o Índice de Bem-Estar (IBE) Unimed, uma espécie de termômetro da felicidade de quem vive em Porto Alegre, demostrou que as mulheres têm cumprido com excelência mais uma de suas multitarefas: elas são mais capazes de conquistar o seu bem-estar que os homens.

Para medir o bem-estar dos porto-alegrenses, a pesquisa patrocinada pela Unimed Porto Alegre e coordenada pelos pesquisadores da Escola de Administração da UFRGS Carlos Alberto Vargas Rossi e Teniza da Silveira entrevistou 442 moradores de diferentes bairros da Capital, em janeiro deste ano. Os entrevistados, todos com idades acima de 18 anos, responderam questões sobre 12 áreas diferentes do cotidiano, revelando quais itens julgam mais importantes para alcançar a felicidade e como está a sua avaliação sobre cada um deles.

Os resultados, divulgados nesta semana, mostraram que as mulheres têm alcançado mais bem-estar que os homens em diversos aspectos. Elas ficaram à frente dos homens no índice de bem-estar geral (0,68 para elas contra 0,66 para eles) e ainda tiveram desempenho superior ao masculino na maioria das dimensões analisadas. Ficaram atrás apenas nos critérios que avaliam a qualidade de vida em relação ao bem-estar físico, à cultura e lazer, ao convívio social e a avaliação do governo.

O forte ingresso feminino no mercado de trabalho visto nos últimos anos também está refletido no IBE. Apesar de ainda dedicarem mais tempo às tarefas domésticas que os homens e ter salários inferiores a eles no mercado, as mulheres fazem uma avaliação positiva da sua relação com o trabalho. Elas alcançaram o índice de 69,97 neste quesito, contra apenas 65,05 do lado deles. As mulheres ainda ficam bem à frente deles quando falamos de hábitos alimentares, espiritualidade e avaliação do meio ambiente (veja quadro completo abaixo).

Leia também: Saiba o que ajuda e o que atrapalha para alcançar o bem-estar

Prazer em trabalhar

Na avaliação da pesquisadora, a diferença alcançada pelas mulheres em seu índice de bem-estar em relação aos homens é bastante significativa. Ela demonstra a importância que o trabalho ganhou na vida das mulheres e que elas têm encontrado felicidade no que fazem.

- A relação positiva entre satisfação com o trabalho e com a vida, felicidade, afeto positivo e ausência de afetos negativos já foi evidenciada em diversas pesquisas, como um artigo publicado na revista científica Journal of Occupational and Organizational Psychology, em 2010, que revisou resultados de vários estudos longitudinais sobre o tema. As mulheres entrevistadas na nossa pesquisa corroboram os resultados destes estudos - comenta Teniza.

A satisfação com o trabalho é uma das marcas da empresária e consultora de imagem Fabrízia Marini Gavioli, de 40 anos. Casada há 16 anos com o também empresário Cláudio Gavioli, 45 anos, ela divide sua intensa rotina entre cuidar dos filhos Bernardo, 12 anos, e Enzo, 8 anos, liderar os seus negócios e ainda tirar um tempo para cuidar da saúde. A qualidade de vida, segundo ela, está no prazer em realizar o trabalho que escolheu.

- Eu me considero uma pessoa feliz porque faço o que gosto. Meu trabalho é totalmente integrado à minha vida pessoal, já não consigo mais separar a minha pessoa física da minha jurídica - afirma.

Mesmo precisando equilibrar as multitarefas de mãe e empresária, trabalhar não representa, nem de longe, um peso em sua vida. Pelo contrário, é trabalhando que ela encontra grande parte de sua satisfação, felicidade e prazer.

- Já optei por parar de trabalhar para poder acompanhar melhor meus filhos na escola, mas fiquei deprimida. Hoje, faço o que posso para estar perto deles, mas não vejo a minha vida sem o trabalho -comenta.

Em vídeo, acompanhe um dia na vida da empresária Fabrízia:

 

A felicidade depois dos 70

A terceira edição do IBE também demonstrou, mais uma vez, que a felicidade também está depois dos 70 anos. Os índices de bem-estar da terceira idade superaram os de todas as outras faixas etárias. Enquanto os jovens entre 20 e 29 anos obtiveram um índice geral de 0,65, os maiores de 70 anos alcançaram 0,69 como avaliação da sua qualidade de vida. A terceira idade superou os mais jovens, inclusive, em dimensões que normalmente estão associadas à juventude, como autonomia e liberdade ou relação com o trabalho. Só perde quando o assunto é convívio social.

Mas o IBE também apontou outras importantes fontes de bem-estar. Uma delas é a espiritualidade. Os entrevistados que afirmaram possuir alguma religião apresentam melhor satisfação com a vida comparado a quem não possui nenhuma crença. Essas pessoas apresentaram um IBE de 0,69, contra 0,63 daqueles que relataram não ter espiritualidade.

Curisamente, as pessoas que afirmaram ter hipertensão arterial diagnosticada alcançaram um índice de bem-estar superior a quem não é portador de nenhuma doença. A explicação, segundo os especialistas, está na vigilância. Ao ter a hipertensão diagnosticada, os cuidados com a saúde e qualidade de vida tendem a aumentar.

O IBE também dá um ponto a favor a quem pratica atividades físicas. Mas, com um ressalva: o benefício só vale para as atividades de lazer. Os exercícios ocupacionais, como usar escada em vez de elevador ou executar as tarefas manuais de algum trabalho, não contribuem para o bem-estar. Isso porque somente as atividades de lazer são capazes de produzir endorfina no cérebro e, consequentemente, levar à sensação de prazer. Além disso, apenas exercícios planejados e realizados com regularidade trazem retornos crescentes para o organismo.

O IBE ano a ano

O índice de bem-estar dos porto-alegrenses apresentou uma leve queda em relação a segunda edição da pesquisa, realizada em 2010. O resultado geral alcançado em 2013 foi de 0,67, contra 0,69 na medição anterior. O índice repete o desempenho do primeiro IBE, realizado em 2009.

As mudanças mais bruscas aparecem quando analisamos separadamente os índices de cada uma das 12 dimensões que compõe a pesquisa. Uma delas está no aumento da importância creditada ao bem-estar físico, que saltou 0,45 em 2009 para 0,55 em 2010 e 0,79 em 2013. Entretanto, mesmo crescendo em importância, o desempenho dos porto-alegrenses não segue o mesmo ritmo neste quesito. O índice de satisfação com o bem-estar físico caiu de 66,7 em 2009 para 63,6 neste ano.

O item considerado mais importante para os entrevistados continua sendo o bem-estar psicológico, líder nas três edições do IBE. E os porto-alegrenses têm conseguido bons resultados nesta dimensão, alcançando 76,53 em 2013, contra 72,60 em 2009. Ela é, inclusive, o fator com melhor desempenho dos entrevistados em toda a pesquisa.

Homens x mulheres
Veja como homens e mulheres avaliaram o seu bem-estar no IBE:

Convívio social
Mulheres: 74,40
Homens: 75,02

Relação com o trabalho
Mulheres: 69,97
Homens: 65,05

Cultura e lazer
Mulheres: 56,88
Homens: 57,21

Autonomia e liberdade
Mulheres: 72,79
Homens: 72,00

Meio ambiente
Mulheres: 65,06
Homens: 53,76

Hábitos alimentares
Mulheres: 71,49
Homens: 63,99

Bem-estar psicológico
Mulheres: 76,94
Homens: 76,00

Espiritualidade
Mulheres: 82,76
Homens: 66,47

Bem-estar físico
Mulheres: 62,80
Homens: 64,75

Acesso básico
Mulheres: 61,02
Homens: 58,46

Governo
Mulheres: 26,65
Homens: 30,08

Avaliação da vida
Mulheres: 69,14
Homens: 67,09

Bem-estar geral
Mulheres: 0,68
Homens: 0,66

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