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O Dia Mundial de Combate ao Câncer é lembrado hoje, com o objetivo de chamar a atenção de governos e disseminar informações sobre as formas de tratamento da doença à população.
A aposta dos pesquisadores atualmente é investir na imunoterapia, reconhecendo no próprio corpo uma arma de combate à doença.
- Isso propiciou estratégias de tratamento que interferem na resposta do organismo frente ao tumor e oferecem resultados surpreendentes em tumores muito resistentes - avalia Gilberto Schwartsmann, chefe do Serviço de Oncologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
Um dos tratamentos experimentais de maior sucesso na atualidade é o que utiliza os receptores quiméricos de antígeno (CARs), células imunes do próprio paciente que são transformadas e reinfundidas no organismo para desenvolver imunidade aos tumores. O estudo é desenvolvido pelos pesquisadores Michel Sadelain, imunologista do Memorial Hospital, em Nova York, e Carl June, professor na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
Os dois especialistas estarão no Brasil neste mês para participar do congresso internacional Challenges and Solutions in Cancer Research and Treatment (Desafios e Soluções em Pesquisa e Tratamento do Câncer), no Rio de Janeiro. No evento, pesquisadores do Brasil e do Exterior estarão reunidos para discutir os estudos mais avançados na área e estabelecer parcerias e acordos de cooperação entre centros de pesquisa e autoridades governamentais.
A expectativa da conferência, segundo Cristina Bonorino, coordenadora do Laboratório de Imunologia Celular e Molecular do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUCRS e uma das organizadoras do congresso, é agilizar o estabelecimento de protocolos para se testar alternativas terapêuticas no país - prática comum nos Estados Unidos e na Europa mas sem tradição no Brasil, devido a entraves burocráticos e falta de investimento.
- A ideia é se articular para encurtar o tempo que existe entre o que a gente pode fazer de maneira experimental e facilitar alternativas para o paciente nos casos em que a terapia convencional não funciona. A agilidade nesses casos é peremptória: essas pessoas não têm tempo a perder, pois têm meses de vida.
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Estado tem 10% dos casos do país
- Entre 2009 e 2013 foram registradas, no Sistema Único de Saúde, 3.155.265 internações para tratamento do câncer, com 247.394 óbitos no país, resultando em uma taxa de mortalidade de 7,84.
- Somente no Rio Grande do Sul, foram registrados 267.064 internações e 24.225 óbitos (9,07 de taxa de mortalidade) nos últimos cinco anos.
- No ano passado, 51.682 brasileiros foram vítimas do câncer - 10% deles no Estado. Os tumores no pâncreas, no pulmão e no fígado foram os que registraram a maior taxa de mortalidade.
- A cada ano, o câncer provoca cerca de 8 milhões de mortes no mundo. Estima-se que um terço dessas mortes poderia ter sido evitado com mais prevenção, detecção precoce e acesso aos tratamentos existentes.
- O RS tem a maior taxa estimada de novos casos para os dois tipos de câncer mais frequentes na população. A previsão em 2014 é de 114,52 novos casos de câncer de próstata para cada 100 mil homens e 87,72 de câncer de mama para 100 mil mulheres no Estado. Na Capital, os índices sobem para 133,04 entre os homens e 146,36 entre as mulheres. A média nacional é de 70,42 e 56,09, respectivamente.
- Os hábitos de vida dos gaúchos e os mecanismos de detecção e diagnóstico existentes no RS, que permitem identificar tumores, seriam os responsáveis por tais índices.
Fonte: Inca e Datasus