
Eles são os melhores amigos dos donos, isso não se discute, mas os mascotes podem se tornar subitamente agressivos e atacar. Então, como devem agir as pessoas que sofrem uma mordida de cachorro ou os arranhões afiados de um gato? Como se prevenir na incerteza de que o animal está ou não vacinado contra a raiva?
A primeira recomendação, se for possível, é não entrar em pânico. Vítimas de caninos ou garras devem lavar o ferimento com água e sabão, identificar o agressor - e o seu proprietário - e buscar atendimento. O médico veterinário do Programa da Raiva do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Giovani Diedrich, diz que a primeira ajuda deve ser no posto de saúde mais próximo da vítima. Todos devem dispor da vacina antirrábica.
Além de dolorosos, os ferimentos causados por pets impõem um calvário de procedimentos. Depois do posto de saúde, a vítima deve procurar um hospital de referência para tomar o soro antirrábico. Terá de se submeter a uma profilaxia completa, que pode incluir cinco doses de vacina, mais o soro.
- Com o crescimento da população canina e felina, é normal que aconteçam acidentes. Podem ser até em brincadeiras, as reações animais são imprevisíveis - avisa Diedrich.
Não há registro de raiva canina no Estado
Caroline Strussmann, 37 anos, jornalista especializada em marketing, já foi atacada três vezes por cães - na última teve a perna direita abocanhada por um pitbull. Foi em 2 de janeiro, em torno das 9h, quando andava de bicicleta na rodovia RS-030, no município de Glorinha.
Ela voltava para Porto Alegre, com barraca e mochila também na bike, quando o cachorro saltou de um pátio próximo.
- Ele pulou em mim como se tivesse molas nas patas. Dei um berro, foi uma dor absurda - lembra Caroline.
Atlética com seu 1m83cm de altura, ela não caiu da bicicleta. O sangue escorria, a carne perfurada, mas pedalou até encontrar um posto de saúde, em Glorinha, onde recebeu os primeiros socorros. Caroline foi trazida por um amigo a Porto Alegre, onde completou o tratamento no Hospital Sanatório Partenon.
- Eles (atendentes do hospital) ficaram me acompanhando depois. Telefonavam para saber se estava tomando as vacinas certinho - diz Caroline.
A raiva mata, mas o médico veterinário Diedrich tranquiliza que o Estado não registra as variantes que acometem cães e gatos há cerca de 30 anos. Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná estariam prestes a receber o certificado de zonas livres dessa espécie de vírus, pelo Ministério da Saúde.
Como agir
Como deve proceder quem for mordido por um cachorro ou gato não vacinado contra a raiva:
- Lave imediatamente o ferimento com água corrente e sabão.
- Procure atendimento médico na unidade de saúde mais próxima, para ser examinado.
- Caso o médico prescreva profilaxia antirrábica completa (soro e vacina), o soro deverá ser feito em hospital de referência na região onde está a pessoa atacada.
- A busca pelo atendimento deve ser o mais rápido possível.
- Ao receber vacina antirrábica ou antitetânica, não abandone o tratamento.
- O efeito da profilaxia completa (cinco doses de vacina mais o soro) dura em torno de cinco anos. No entanto, se a pessoa for atacada por um animal antes de completado esse ciclo, deve buscar atendimento. Pode receber um reforço nas vacinas, para não deixar dúvidas sobre a imunização.
- Siga as indicações médicas.
Orientações
- Em caso de dúvida, ligue para o Disque Vigilância pelo telefone 150, que deve funcionar 24 horas.
O atendimento
- O primeiro atendimento é no posto de saúde mais próximo, que pode aplicar a vacina antirrábica.
- O soro antirrábico só pode ser aplicado em hospitais. Para cada região do Estado, há um de referência. Na Grande Porto Alegre, é o Hospital Sanatório Partenon (Avenida Bento Golçalves, 3.722).
Recomendações aos donos
- Vacine anualmente seus cães e gatos.
- Mantenha-os sob controle, para evitar acidentes com outras pessoas.
- Tente entender o comportamento e as reações dos animais, inclusive nas brincadeiras e no convívio em casa.
Fonte: Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), da Secretaria Estadual da Saúde (SES)
Preocupação com os animais
Por Gustavo Roth, Editor de Fotografia em Zero Hora
Na manhã do domingo passado, fui atacado por dois cães enquanto andava de skate com meu filho na praça da Encol. A experiência serviu para conhecer de perto a dificuldade de se obter informações sobre como e onde se vacinar contra a raiva humana.
Com o smartphone na mão, a primeira opção foi pesquisar o assunto na internet: "vacina + raiva + porto alegre". O resultado leva a uma página da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS), da prefeitura, com a lista de locais para vacinas especiais que, em vez de orientar, tem telefones que não atendem no final de semana.
Depois de passar pelo Hospital de Clínicas e o Hospital de Pronto Socorro (HPS), onde a vacina não é aplicada, fui até o único local que poderia estar aberto: o Hospital Sanatório Partenon. Apesar da aparente falta de estrutura, lá fui bem atendido e orientado pelo médico de plantão e, enfim, pude tomar a primeira dose da vacina.
Como mantive contato com a dona dos cães que me atacaram e que estão vacinados, o que é importante para se certificar da saúde do animal, hoje vou fazer a segunda e última aplicação da antirrábica. Se não fosse possível monitorar a saúde dos animais, teria de tomar o soro além das cinco doses da vacina, o tratamento completo.