
Recentes tratamentos contra cânceres avançados de pulmão, sangue, tireoide e ovário, resistentes a outras terapias, tiveram resultados positivos, segundo testes clínicos divulgados e que confirmam os avanços feitos na luta contra a doença.
A Imbruvica (Ibrutinib), dos laboratórios americanos Pharmacyclics e Johnson & Johnson, conseguiu prolongar a vida de pessoas afetadas por leucemia linfoide crônica, que não respondiam à quimioterapia combinada com um anticorpo - tratamento padrão em adultos.
Este agente estimula a autodestruição de células cancerosas e bloqueia sua proliferação. A agência que regula medicamentos e alimentos nos Estados Unidos (FDA) o aprovou no fim de 2013 para tratar linfomas resistentes e, em fevereiro de 2014, para a leucemia.
Pesquisadores afirmaram que é a primeira vez que um anticancerígeno ingerido por via oral permite um aumento claro da sobrevivência destes pacientes. O estudo clínico foi apresentado na conferência anual da American Society of Clinical Oncology (ASCO).
- Com o Ibrutinib, cerca de 80% dos pacientes ainda estavam em remissão um ano depois, duas vezes mais do que se pode esperar de uma terapia padrão- comenta John Byrd, professor de medicina na Universidade de Ohio, que fez a pesquisa com 391 pacientes com idade média de 67 anos.
Outros tratamentos permitiram atrasar em um ano e meio o avanço de tipos agressivos de câncer na tireoide.
O Lenvatinib, um agente desenvolvido pelos laboratórios SFJ Pharmaceuticals, dos Estados Unidos, e Eisai, do Japão, também levou à redução do tumor em cerca de dois terços dos doentes.
- Confiamos que, com estes resultados, o Lenvatinib se tornará a primeira opção para tratar este tipo de câncer de tireoide, resistente ao iodo radioativo, eficaz na grande maioria dos casos- diz Martin Schumberger, oncologista da universidade francesa Paris-Sud, que chefiou o teste clínico de fase 3 em 392 pacientes.
Um terceiro teste clínico, também apresentado na conferência da ASCO, esteve relacionado com o Ramucirumab (Cyramza), um antiangiogênico do laboratório americano Eli Lilly que bloqueia a formação de vasos sanguíneos nos tumores.
Aprovado em fevereiro de 2014 pela FDA para o tratamento do câncer agressivo de esôfago, este medicamento permitiu prolongar a vida de pacientes com câncer muito avançado de pulmão.
Este resultado modesto foi considerado, de qualquer forma, significativo pelos oncologistas, por ser o primeiro tratamento que, em dez anos, permite melhorar a evolução deste câncer com um tratamento alternativo à quimioterapia, como explicou Maurice Pérol, diretor do serviço de oncologia do tórax no centro contra o câncer da cidade francesa de Lyon.
Finalmente, um teste clínico com dois agentes experimentais tomados de forma combinada, o Olaparib e o Cediranib, do laboratório britânico AstraZeneca, permitiu duplicar, a 17,7 meses, a sobrevivência de mulheres vítimas de um câncer agressivo de ovário em relação às pacientes não tratadas com o medicamento. O Cediranib bloqueia a formação de vasos sanguíneos no tumor e o crescimento de células cancerosas.