Os nossos filhos herdam não só o que temos, mas também o que somos. E, às vezes, bem mais do que gostaríamos. Em prol da angústia paterna de vê-los realizados, felizes e melhores, devia-nos ser dada a chance de escolher qual nuance da nossa personalidade, ou traço de caráter, ou virtude, ou até, como prova de tolerância, quem sabe, alguma mania benigna, que pudéssemos passar aos nossos amados rebentos. Mas não, é tudo aleatório, e com frequência deprimente reconhecemos nos nossos filhotes justamente aquela característica mais irritante, que procuramos inutilmente negar a vida toda. Mais massacrante ainda quando a herança genética envolve alguma doença que pode não ter-se materializado em nós, mas eclodiu na nossa cria inocente.
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre:
- j.j. camargo
- vida zh
- colunistas