
A 18 meses do fim do prazo para a redução de dois indicadores envolvendo mães e crianças, o Brasil só conseguirá cumprir com um dos compromissos firmados com a Organização das Nações Unidas (ONU). As metas para a redução em dois terços da mortalidade infantil já foram alcançadas. Mas os números de óbitos maternos são alarmantes e colocam o Brasil em 70ª posição no ranking dos países que conseguiram reduzir os índices. Atrás do país, apenas Guatemala, África do Sul, Iraque, Filipinas e Costa do Marfim.
O relatório, que começou a ser discutido nesta segunda-feira na África do Sul, durante fórum da Parceria Para a Saúde Materna, de Recém-Nascidos e Crianças (PMNCH) mostra ainda que o Brasil está a léguas de cumprir a meta de reduzir para 30 mortes de mães para cada 100 mil nascimentos. Para que sejam atendidos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio para 75 países que integram o projeto, precisaria reduzir os indicadores de 2013 pela metade.
Os pesquisadores do Centro Internacional de Equidade em Saúde, ligado à Universidade Federal de Pelotas (UFpel), Giovanny Vinícius Araújo de França e María Clara Restrepo Méndez, participam do encontro em Joanesburgo e explicam que a redução das desigualdades sociais foram as fórmulas de sucesso de países como Bolívia, Nigéria e Camboja, que viram seus números decrescerem.
- Aqueles países que focaram esforços nas populações menos favorecidas obtiveram redução mais rápida das desigualdades. O Brasil é um exemplo de redução, mas não foi o suficiente para o atendimento com qualidade das mães - avalia Maria Clara, acrescentando que o crescimento econômico dos países que se destacam como aliados à educação e à qualidade do serviço da saúde também contribuiu para o cumprimento das exigências.
Dentre as medidas esperadas para a queda de mortes maternas estão planejamento familiar, avaliação do estado nutricional e cuidados pré-natal e pós parto.
- Não adianta só ampliar o serviço de saúde. Todos os países que bateram a meta focaram na qualidade do atendimento, garantindo que mulheres tenham acesso a pelo menos quatro consultas antes do parto e acompanhamento depois que o bebê nasce - disse França.
Busca por melhoria do atendimento
Apesar de atingir as metas referentes à mortalidade infantil, o Brasil ainda está no topo quando o número é morte de recém-nascidos, o que também está ligado à falta de atendimento adequado às mães. São 64% do total de óbitos, entre crianças até cinco anos de idade, que ocorrem no primeiro mês de vida.
Nadiane Lemos, coordenadora estadual da Saúde da Mulher, afirma que no Estado os maiores índices de mortalidade materna estão nos grandes centros urbanos.
- A gente tem buscado capacitar cada vez mais a identificação do risco em nossos setores. Estamos preconizando esta classificação para que a usuária reconhecida chegue ao nível de assistência em tempo oportuno.
De janeiro a setembro de 2013, foram registrados 13 óbitos maternos no Rio Grande do Sul, segundo a Secretaria da Saúde. Como atendimento, o Estado oferece a Rede Cegonha, em conjunto com a Saúde da Criança e Política Estadual de Saúde da Mulher. A estratégia prioriza gestantes, a consulta puerperal e pediátrica, vinculando as grávidas a unidades de referência. O programa também inclui o Samu-cegonha.
Clique na imagem para ampliá-la
