
Imagine que você está preparando seu casamento com a sua alma gêmea e então descobre, tardiamente, que essa pessoa não é só sua. Esse problema pode ocorrer quando sua alma gêmea está ligada de um jeito muito complexo a outras pessoas: um irmão gêmeo, trigêmeos ou um grupo de quadrigêmeos.

Existe um conjunto específico de questões para quem se casa com alguém que é produto de nascimentos múltiplos. É preciso ter uma sensibilidade especial para a dinâmica familiar e, na maioria dos casos, tolerância para a proximidade especial entre os irmãos.
Privacidade? Esqueça. Os detalhes da vida de casado e as conversas pessoais muito possivelmente serão divididos abertamente, o que pode levar a desentendimentos.
- A não ser que você esteja falando com outros múltiplos, ninguém realmente entende o que acontece - afirma Michael Rothman, psicológo especializado em nascimentos desse tipo e que tem um irmão gêmeo.
As mulheres podem procurar primeiro as irmãs em caso de emergência ou para contar segredos. Hadassah Holmes, 29 anos, advogada do Bronx, em Nova York, vai se casar com Ben Holtz em 15 de março e é muito próxima de sua irmã gêmea, Yaffa.
- Quando começamos a namorar, disse ao Ben: "A não ser que seja um segredo seu, vou contar a ela" - diz Hadassah.
O número de nascimentos múltiplos têm aumentado. Em 2013, de acordo com o Centro para o Controle e Prevenção de Doenças, as mulheres nos Estados Unidos deram à luz 132.324 gêmeos, 4.364 trigêmeos e 270 quadrigêmeos, e 66 tiveram cinco ou mais bebês. Isso significa que podemos esperar mais famílias confusas no futuro.
Essa confusão já chegou a minha família, que inclui um grupo de trigêmeos, duas gêmeas idênticas (sou uma delas) e um par de gêmeos fraternos. Em julho de 2010, quando minha irmã Rachel Krueger, 29 anos, anunciou seu noivado, não estávamos preparados para o que viria. Eu também não esperava que minhas emoções jorrassem daquela maneira na hora do anúncio.
Sim, é verdade que, em qualquer casamento, você está se unindo não apenas a outra pessoa, mas também à família dela. Mas aqueles que vivem em famílias com nascimentos múltiplos têm suas próprias regras e verdades, que não podem ser aplicadas a famílias tradicionais.
Depois de um jantar na casa de nossos pais em Memphis, o noivo de minha irmã perguntou para minha outra irmã e para mim se poderia conversar apenas com nossos pais. Na maioria das famílias, veja você, irmãos não precisam e nem querem fazer parte dos confusos detalhes da organização de um casamento. Mas para nós, a ideia de sermos deixadas de lado pareceu absurda.
Além de experiências compartilhadas, explica Caroline Tancredy, professora de psicologia da Universidade de Illinois, esses irmãos também dividem material genético, o que torna sua relação mais próxima. Essa conexão dos gêmeos aparece de certa maneira nos relacionamentos, diz Caroline.
As pessoas que dividiram um útero e outras coisas tendem a encontrar maneiras, verbais e não verbais, de se comunicar umas com as outras, e um novo parceiro pode não conseguir se igualar.
- Se você olha para sua irmã gêmea do outro lado da sala e pisca duas vezes, ela sabe que você está pronta para ir embora da festa - conta Caroline. - Você faz a mesma coisa com seu marido e ele não entende, pensa que tem alguma coisa no seu olho. É frustrante. Você tem de trabalhar muito mais para ser compreendida.
Nenhum dos dois parceiros, diz ela, "espera a quantidade de esforço que é preciso fazer". Tornar as coisas mais difíceis é a realidade que os irmãos ligados geneticamente não entendem direito sozinhos. Eles costumam lutar contra o desejo de estar perto de suas irmãs e de seus irmãos quando começam a viver suas vidas.
- Estou sempre preocupada que minha irmã vai se sentir deixada para trás - relata Hadassah.
- É como se todos começássemos o jardim da infância juntos, entrássemos na faculdade no mesmo ano e, do nada, alguém fosse se casar. Agora você tem alguém que está fazendo uma coisa primeiro, o que pode ser duro para alguns gêmeos. A sincronização muda - explica Rothman.