
Em muitas casas com crianças pequenas, é bem provável que se ouçam ordens, chantagens e apelos do tipo "só experimenta", "se não comer a verdura, não tem sobremesa", "limpa o prato, as crianças em (insira o nome do país) estão passando fome". Ao mesmo tempo, os pais nunca saem de casa sem um pacote de alimentos, seja bala, biscoito ou cenoura, não importa. As crianças hoje estão beliscando o tempo todo, seja no carrinho, no carro, no avião. A comida é uma "chupeta popular", pois oferece alívio à dor física e emocional - não é à toa que tantos jovens se recusam a comer o que lhes é servido no jantar.
Entenda os fatores que contribuem para aumentar a obesidade infantil
Família é protagonista no combate à obesidade infantil
Veja dicas de como a família pode ajudar a evitar obesidade infantil
Mesmo as melhores intenções paternas acabam programando o paladar dos filhos, ainda muito cedo, para gostar de alimentos que não são bons para eles. Nas sessões de consultoria com os pais, Dina Rose, autora do livro Its Not About the Broccoli (O Problema Não É o Brócolis, em tradução livre), descobriu que aqueles que se preocupam com "nutrição" prestam uma atenção exagerada aos nutrientes de cada refeição e não aos padrões gerais de alimentação da criança.
- Quanto mais os pais se preocupam, pior os filhos comem - revela.
VÍDEOS: nutricionista indica cinco merendas saudáveis
O outro lado da moeda pode ser tanto ou mais prejudicial. Por causa da preocupação atual com o consumo de açúcar e gordura, alguns pais "conscientes" proíbem os filhos de consumir guloseimas, mesmo em festinhas de aniversário. Com uma alimentação tão controlada, muitas crianças acabam comendo escondidas o que não podem.
Dina resume:
- Se o sistema não funciona é porque geralmente os pais são controladores ou lenientes demais.
O subtítulo de seu livro é revelador: "Três hábitos que ensinarão seus filhos a manterem uma alimentação saudável para o resto da vida". Ela usou sua experiência como socióloga e terapeuta para desenvolver uma sistemática que faz com que as crianças, inclusive as mais "chatas", comam alimentos que são bons para elas. Ao mesmo tempo, a tática sugerida permite aos pequenos reagirem aos sinais internos de fome e saciedade e não tentarem "merecer" a sobremesa ou agradarem aos pais com algumas colheradas a mais, ou limpando o prato, mesmo já satisfeitos. Veja algumas dicas de Dina:
Novas fórmulas
Embora defina os três hábitos essenciais como "proporção, variedade e moderação", a questão proposta pela autora trata de entender e adaptar a aversão natural do filho e desenvolver gradualmente o gosto por alimentos que inicialmente desagrada as crianças.
- Quando pedir à criança que experimente algo diferente, a autora sugere que lhe dê apenas uma amostra - sem esperar que coma uma porção inteira, mesmo que goste - para então fazer perguntas sobre suas características, tipo se é bom ou não é, descrição do gosto, o que lembra. Esse exercício pode ser repetido várias vezes para criar aceitação, mesmo com adultos. Segundo Dina, você não pode forçar a criança a comer, mas pode influenciar na decisão.
- Dina defende a introdução gradual da variedade não só nos tipos de alimentos, mas nas formas de preparo. E sugere começar com um "rodízio" de opções de que a criança já gosta, contanto que o mesmo alimento não seja consumido, no mesmo formato, dois dias seguidos.
- A forma de preparo representa a diferença entre a aceitação e o nojo. Uma criança que não pode nem ver espinafre ao vapor chegou a pedir mais quando provou a versão refogada com alho e azeite. "O sabor é muito importante", ensina Dina.
- O tamanho da porção também é fundalmental, principalmente quando se introduz uma novidade: as crianças costumam se intimidar com muita comida no prato, mesmo que seja algo de que gostem muito.