
O exame que pode identificar o zika vírus só é eficaz se feito preferencialmente nos cinco primeiros dias de sintomas. Como os sinais de zika, dengue e chikungunya são semelhantes, o teste é a única maneira de esclarecer qual virose o paciente contraiu. Especialistas alertam que grávidas devem procurar atendimento médico ao perceberem os primeiros indícios. O Ministério da Saúde divulga nos próximos dias o protocolo de atendimento para zika.
Para detectar o vírus após o período sintomático, seria necessário um exame de detecção de anticorpos, que ainda não existe para o zika, mas que já está sendo desenvolvido por diversos laboratórios públicos no país e deverá estar disponível nas próximas semanas.
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O exame que detecta a presença de zika no período de sintomas é o RNA PCR. Ele identifica, pelo sequenciamento genético do vírus, a presença do agente no organismo.
- Depois dos primeiros dias de infecção, quando o organismo produz anticorpos, eles grudam no vírus e não se consegue mais encontrar o material genético. Isso é variável. Nem todos os organismos reagem ao vírus no mesmo tempo. Ele começa a passar para outras regiões e não se consegue detectar no sangue - explica o patologista Hélio Magarinos Torres Filho, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica no Rio.
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O especialista diz que, em alguns casos, o material genético do vírus pode ser encontrado até o 10° dia, mas alerta que, se o resultado der negativo nesse período, não há garantia de que a pessoa não tenha sido infectada antes. A recomendação de fazer o exame até o quinto dia é defendida pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.
O teste detecta a presença do ácido ribonucleico (RNA), responsável pela síntese de proteínas da célula. É feito em duas etapas: na primeira, identifica a presença de um vírus; na segunda, faz o sequenciamento genético para identificar qual dos agentes infectou o organismo. Nos laboratórios particulares pesquisados, o teste custa de R$ 1.198 a R$ 2.160. Nesta semana, outros laboratórios prometem iniciar a oferta do teste. No Fleury, por exemplo, o exame deverá custar cerca de R$ 300.
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Pré-natal
- Se as pacientes com sintomas de zika estiverem no primeiro trimestre de gestação, o ideal é que façam o teste para afastar a hipótese de outras doenças, até mesmo para fazer pré-natal pormenorizado, caso seja zika. É o período em que há risco maior de acontecer má-formação - diz a infectologista Bianca Grassi de Miranda, do Hospital Samaritano. O teste específico para zika deve ser feito depois dos exames de dengue e chikungunya, doenças mais comuns.
A estudante Esthefany Souza, de 16 anos, grávida de 5 meses de Maria Júlia, não recebeu a recomendação de fazer o teste ao ser diagnosticada com zika em hospital particular da zona oeste do Rio. Ela teve sintomas como febre, dores e manchas vermelhas.
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- Fiquei com medo de passar para a bebê - diz.
A advogada Renata Vilhena, especialista em saúde, diz que os planos devem pagar pelo exame de zika, em caso de recomendação médica.
- A operadora está recebendo para prestar serviço no lugar do Estado. Havendo pedido, o plano é obrigado a cobrir - afirma. A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que representa planos de saúde, informou que os procedimentos cobertos pelas operadoras são determinados pela Agência Nacional de Saúde (ANS) e definidos em contrato.
*Estadão Conteúdo