O presidente do Instituto Butantan, Jorge Kalil, acredita que com os avanços dos testes da vacina da dengue, o Brasil está mais perto de desenvolver também a proteção contra o zika vírus. Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta terça-feira, o médico imunologista lembrou que, junto com os americanos, se trabalha na descoberta da imunização contra a dengue há 12 anos, mas ele prevê que a vacina da doença do zika não demore tanto tempo para estar disponível por dois motivos:
– Tenho certeza que será muito mais rápida. Primeiro porque provocou um alerta mundial e tem uma quantidade enorme de cientistas trabalhando nisso. E segundo porque o zika é semelhante a dengue e podemos ir mais rápido.
Leia mais:
Última fase de testes de vacina contra dengue tem início em SP
Diretora-geral da OMS chega ao Brasil para acompanhar avanço do zika
A fase final de testes da vacina contra a dengue desenvolvida no Brasil terá voluntários do Rio Grande do Sul. Ao todo, 17 mil pessoas devem receber a dose de forma experimental em 14 centros especializados em todo o país. De acordo com Kalil, haverá testes em Porto Alegre, mas ainda estão sendo ajustados detalhes de onde e quando começarão a ser feitos. Os primeiros voluntários são de São Paulo e começaram os testes nesta segunda-feira. Poderão participar crianças a partir de dois anos e adultos com até 59 anos. Segundo as previsões do instituto, a vacina da dengue deverá estar à disposição em até dois anos.
– Se for muito otimista, daqui a um ano. Mas se formos mais realistas, com as dificuldades que encontramos no país, dois anos. Acho que dificilmente vamos passar desse prazo.
A resposta para isso são cálculos estatísticos que mostrarão se as pessoas vacinadas estão mais protegidas que outra parcela dos voluntários que receberão placebos. Os pacientes não serão contaminados com o vírus da dengue, seguem a rotina e, se forem picados pelo mosquito contaminado, serão monitorados. Por isso o número necessários de voluntários é tão grande. Quando os números comprovarem a eficácia da vacina, o próximo passo será pedir o registro da vacina na Anvisa. Uma fábrica já está sendo construída em São Paulo para produzir a medicação. O governo prometeu R$ 300 milhões para patrocinar todo o processo.
Kalil disse ainda que estava tendo dificuldade de obter os recursos, mas com o aumento de casos das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como a zika, o governo federal resolveu aportar a verba.
Leia mais notícias
– O investimento que se faz para uma vacina economiza centenas de vezes no atendimento de pacientes com dengue. E não só com o tratamento médico, mas até mesmo com as perdas de ausências no trabalho.