
"Suco de frutas não oferece benefícios nutricionais para crianças menores de um ano e não deve ser incluído na dieta." Esta é a nova recomendação da American Academy of Pediatrics, a Academia Americana de Pediatria (AAP). Trata-se de uma atualização da última diretriz, divulgada em 2001, que sugeria evitar essas bebidas apenas para menores de seis meses. No Brasil, a orientação vigente já indica o consumo apenas depois do primeiro ano de vida.
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A AAP defende que sucos de frutas, antes reconhecidos por suas vitaminas e benefícios para casos de constipação, agora são vistos como um fator que aumenta o consumo de calorias e o risco de cáries. A entidade ainda destaca que a falta de fibra e proteína nos sucos pode predispor as crianças ao ganho de peso inadequado.
Por meio de dados, a AAP verificou que, de 2008 a 2013, apesar de uma queda na venda de sucos, essas bebidas representavam quase a metade do consumo de frutas de pessoas entre dois e 18 anos nos Estados Unidos. Embora saudáveis, são carentes de fibras e predispõem a uma ingestão maior de calorias. Portanto, a orientação do órgão é que o suco seja evitado antes da introdução de alimentos sólidos, por volta dos seis meses. Conforme observação da AAP, a bebida muitas vezes tem substituído o leite materno após essa idade, o que aumentou os índices de cáries, desnutrição e baixa estatura.
Enquanto não completam um ano, os bebês devem consumir apenas frutas in natura, segundo a instituição. Após completarem um ano, a sugestão é de que os sucos sejam utilizados como parte de uma refeição ou lanche. Aqui no Brasil, a recomendação não é novidade. De acordo com Mônica de Araújo Moretzsohn, pediatra e nutróloga membro do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o Brasil também segue essa normativa, que tem como objetivo reduzir a ingestão calórica diária e controlar o avanço da obesidade:
– As bebidas açucaradas têm relação direta com o excesso de peso. Um programa desenvolvido em Amsterdã, que apresentava o maior índice de obesidade infantil da Holanda, proibiu a comercialização dessas bebidas na escola, e as crianças não podiam levá-las de casa. Em três anos, houve uma redução de 12% no problema – ilustra Mônica, acrescentando que medidas como incentivo à atividade física, consumo de água e sono de qualidade também impulsionaram os números no país europeu.
Para a especialista, o mais indicado a partir dos seis meses é o consumo de frutas in natura, que trazem fibras e não elevam os índices de insulina tão rapidamente. Após um ano, pode-se oferecer pequenas doses de suco, desde que naturais.
– O problema maior são os sucos de caixinha. Eles têm entre 1% e 30% de fruta e o resto é tudo açúcar – destaca.
RECOMENDAÇÕES
> Até seis meses
Alimentação exclusiva à base de leite materno (a recomendação é que o leite materno seja mantido até os dois anos de vida da criança)
>Dos seis meses ao primeiro ano
Papinhas de frutas e vegetais
>De um a dois anos
Introduzir sucos naturais com limitação de 100ml ao dia
>Dos dois aos seis anos
Consumo de sucos naturais limitado a 150ml por dia