Cultura e Lazer

Opinião

Marcelo Carneiro da Cunha: Quando a TV mal cabe na tela

"A nova TV busca seus limites, e, aparentemente, eles estão em algum lugar entre as antigas 20 polegadas e a telona de cinema"

Não sei se os meus caros leitores lembram, mas, até uns 10 anos atrás, não mais do que isso, TV tinha 20 polegadas. A definição era baixa, baixíssima. Se passasse Lawrence da Arábia, você ia ver o deserto, mas nenhum camelo, e assim eram as coisas. Se nem ao menos camelos eram visíveis, imaginem sutilezas?

Mad Men chegou à metade da temporada no domingo passado sendo mais do que um seriado, uma ode às nuances que somente telas grandes e com HD permitem, sorte a nossa.

A apresentação de Peggy para os executivos da Burger Chef, por exemplo. As trocas de olhares entre ela e Don Draper, o pai orgulhoso da criatura. A ida, a chegada e a volta do homem à Lua, a maior façanha da humanidade, visível e com sombras, ali, na nossa frente.

Mad Men começou sua última temporada festejando a loucura e encerrou sua primeira metade celebrando as famílias e a nossa humanidade com uma qualidade que somente é possível porque a nova TV explora cada milímetro das possibilidades que lhe dão a tecnologia e os novos canais dispostos a experimentar. A nova TV busca seus limites, e, aparentemente, eles estão em algum lugar entre as antigas 20 polegadas e a telona de cinema. Mad Men é assim, se você olhar direito. Don Draper e turma estão adiante, muito adiante de quase tudo o que já se fez, e, por isso mesmo, a gente vai esperar a segunda metade da temporada, lááááá em 2015, com o coração na boca e o lencinho por perto, porque lágrimas vão rolar.

A nova TV é nova, caros leitores. Talvez seja a única coisa nova que existe aí fora e, por isso mesmo, quem sabe, a gente se dê conta de como ela pode ser boa.

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