
Circular de ônibus pelo centro de Porto Alegre e arredores pode ser uma viagem no tempo. Essa é a proposta do projeto Territórios Negros, que leva passageiros a conhecer um pouco da história dos afrodescendentes na Capital. Cerca de 14 mil estudantes já fizeram o roteiro que, desde maio, passou a atender o público em geral - gratuitamente.
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Parceria das secretarias municipais da Educação e dos Direitos Humanos e da Carris, o passeio percorre pontos significativos da história dos africanos que chegaram como escravos à cidade. Entre os destaques, está o Areal da Baronesa (Travessa Luiz Guaragna), onde uma comunidade de remanescentes de ex-escravos mantém as tradições musicais e religiosas.
Com lotação de até 40 passageiros, os passeios ocorrem geralmente aos sábados, às 14h, com saída ao lado do Mercado Público - ainda há vagas para amanhã. Mais informações na página facebook.com/territorios.negros, pelo email territórios.negros@carris.com.br ou pelo telefone (51) 3289-2164.
Confira o roteiro:
1. Praça Brigadeiro Sampaio
No começo da colonização da Capital, a praça era chamada de Largo da Forca. Localizada no início da Rua dos Andradas, era onde se enforcavam escravos acusados de roubo ou furto.
2. Igreja Nossa Senhora das Dores
Segundo a lenda, um escravo condenado à morte por roubo rogou uma praga: a construção da igreja se arrastaria pelo tempo. Além disso, o pelourinho, lugar de punição de escravos, ficava em frente à igreja, localizada na Andradas, 597.
3. Mercado Público
Ponto para conhecer um pouco mais sobre as religiões de matriz africana. Acredita-se que o orixá Bará está assentado no centro do Mercado. Ou seja: a entidade está ligada ao espaço, emanando dali sua energia.
4. Parque Farroupilha
Antes da Lei Áurea, muitos senhores libertaram escravos, que frequentavam o parque. Por conta da redenção dos negros, o espaço passou a ser chamado Campos de Redenção, em 1884.
5. Colônia Africana
O ônibus circula por ruas dos bairros Bom Fim e Rio Branco, onde ficavam algumas das primeiras moradias de ex-escravos.
6. Ilhota
Nas imediações do Centro Municipal de Cultura Lupicínio Rodrigues, na Erico Verissimo, ficava uma área alagadiça que se tornou um bairro de ex-escravos após a abolição. Nos anos 1930, abrigava jogos da Liga dos Canelas Pretas, que revelou talentos negros do futebol.
7. Areal da Baronesa
A Travessa Luiz Guaragna abrigava a chácara da baronesa do Gravataí. Com a morte da baronesa e a abolição da escravatura, os escravos alforriados passaram a ocupar o espaço, reconhecido atualmente como território quilombola urbano.
8. Largo Zumbi dos Palmares Abrigava reuniões e rodas de capoeira de movimentos de resistência de afrodescendentes nos anos 1970. No século 19, o espaço era coberto por denso matagal, servindo como esconderijo para escravos fugidos.