Regiane Alves e Bruno Gagliasso vivem um casal em "Isolados"
Foto: CLEITON THIELE/PRESSPHOTO
Terminou sob calorosos aplausos e com um forte candidato ao Kikito de melhor ator a exibição do primeiro longa-metragem brasileiro em competição no Festival de Gramado 2014, na noite de sexta-feira. A Despedida, com direção e roteiro de Marcelo Galvão, foi anunciado pelo realizador no palco do Palácio dos Festivais como uma história inspirada em seu avô. Galvão saiu vencedor de Gramado em 2012 com Colegas, protagonizado por atores com síndrome de Down, também baseado em experiências pessoais.
Em A Despedida, Nelson Xavier vive Almirante, senhor de 92 anos inconformado por enfrentar a decrepitude do corpo com plena consciência da morte se aproximando. Um dia, decide literalmente se arrastar com seu andador para fora da casa em que vive com a mulher, o filho e a nora para cumprir uma série de pendências afetivas, como pedir desculpas a um amigo, e desejos derradeiros, dentre eles, tomar um café no botequim próximo e fumar maconha com os rapazes da praça. A parada final dessa via-crúcis existencial se dá no reencontro com sua jovem amante, 50 anos mais jovem, interpretada por Juliana Paes.
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A Despedida conquistou a plateia já a partir de seu plano de abertura: o despertar de Almirante e o enorme esforço físico que ele empreende para sair da cama e cumprir uma rotina prosaica, como se vestir, barbear-se e tomar banho, que executa com exasperante lentidão movido pela fibra e a vaidade de quem não quer entregar os pontos ainda. Combinando melancolia, graça e sensibilidade no registro de um tema tão propício ao sentimentalismo exagerado, Galvão entregou a Xavier um personagem memorável. E o ator justificou a confiança com uma performance excepcional, exigente tanto no talento dramático quanto no esforço físico. Juliana compõe uma parceira à altura.
A coroar a eficiência da dramaturgia e da encenação, A Despedida é pontuado de forma arrebatadora pela canção Esses Moços, na voz de Lupicínio Rodrigues, que traduz com exatidão o estado emocional de Almirante. Público e crítica em Gramado comentaram que Lupicínio, no ano em que se celebra seu centenário - e os 40 anos de sua morte -, recebeu neste belo filme uma homenagem à altura de sua importância como acurado tradutor em canções das aflições da alma humana.
Recepção fria
Escolhido para abrir o Festival de Gramado, fora de competição, Isolados foi precedido por uma homenagem ao ator José Wilker, morto esse ano, que era um dos curadores do evento - foi o último trabalho dele no cinema, em uma breve participação especial. Roteirista do filme, Mariana Vielmond, filha de Wilker, recebeu uma placa em homenagem ao pai. Mas o longa dirigido por Tomás Portella não empolgou. A história de um casal (Bruno Gagliasso e Regiane Alves) que se vê preso em uma casa na região serrana do Rio, em meio a um ataque de família de serial killers na região, patina entre o terror e o suspense psicológico repisando batidos clichês do gênero.
