Fato número uno: a população feminina do mundo é grande, praticamente metade do total, ou um pouco mais do que isso, dizem.
Fato número duo: a vasta maioria da produção ficcional é criada, escrita, roteirizada e produzida por homens, ou empresas comandadas por homens. Uma das consequências é que as mulheres estão lá, mas raramente em posições de comando, seja das ações ou de suas emoções.
Assim, a Starz lançou Outlander, série baseada nos livros da americana Diana Gabaldon, que, do alto de seus 20 milhões de exemplares vendidos, diz que "detesta mulher burra".
Claire Randall, a protagonista de Outlander, não é nada burra. Ela pode achar estranho ter viajado do ano de 1946 para a Escócia de 1743 apenas por tocar em uma pedra cheia de mágica celta e música da Enya, mas não demonstra, pelo menos na frente dos escoceses ao redor dela.
Claire os domina, na medida do possível, usando sua inteligência e os conhecimentos médicos que viajaram com ela desde o século 20. Ela trabalha como enfermeira no fronte durante a II Guerra enquanto o marido - este sim, mulherzinha - fica em Londres quebrando códigos secretos alemães sem ver nada dos horrores pelos quais a mulher passa.
Uma das maravilhas da ficção é que a gente acredita nela. Claire sai de uma ruína druida direto para o século 18 e tudo bem, acreditamos. Acreditamos tanto que passamos a seguir com todo o interesse o que essa mulher moderna, inteligente e corajosa vai aprontar no maravilhoso mundo onde quem usa saias são os homens. A série mal começou e já está causando, especialmente entre o público feminino.
Os escoceses que capturam Claire não conseguem largar dela, o que é bem compreensível, e o que nós, homens, sabemos há horas: ao encontrar uma mulher como Claire, forte, brilhante, decidida e, ainda por cima - pelo que a série mostra -, ótima na cama, nunca mais você a deixará para ir até a esquina. Ver Outlander é parecido.
Fica a dica.