
A carioca Gilda Vogt já contabiliza mais de 40 anos pintando e desenhando, tem obras em coleções importantes, mas, na sua lista de exposições, figuram apenas duas individuais. O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) quer compensar esse desequilíbrio de uma vez por todas. Com inauguração hoje, às 10h30min, Gilda Vogt: Uma Retrospectiva reúne, pela primeira vez, obras de todas as fases da trajetória da artista, que pinta sobretudo retratos.
Cinco galerias no segundo andar do museu exibirão 105 trabalhos de Gilda. O recorte começa em 1970 e vai até 2012, seguindo uma ordem cronológica. Seus primeiros anos de carreira estão contemplados em uma sala com pinturas impregnadas pelo afeto do ambiente doméstico, quando ela perseguia os irmãos, a faixineira e o marido pela casa até conseguir fazer seus retratos.
- Eu acho que o trabalho de arte é sempre essa situação de uma intimidade que vira pública - comenta Gilda.
Ainda na década de 1970, ela começou a pintar personagens que via na rua somando um viés social que permanece até hoje na sua produção.
- As obras têm um espelhamento na arena pública, das coisas que impressionam a artista, as mazelas que ela vê no cotidiano brasileiro - destaca o curador Gaudêncio Fidelis.
As duas galerias maiores são tomadas por pinturas de grande porte que envolvem personagens em uma atmosfera onírica. Enquanto uma exibe trabalhos dos anos 1970 e 80, outra traz pinturas mais recentes e inéditas. Duas salas menores abrigam colagens, guaches, aquarelas e desenhos.
A retrospectiva é mais um passo do programa de exposições monográficas do Margs, cuja meta é valorizar artistas veteranos que não alcançaram grande visibilidade. As mostras vêm acompanhadas de um trabalho aprofundado de pesquisa e aquisição de obras.
Desde 2011, o museu adquiriu mais de 20 trabalhos de Gilda, que então passaram a figurar em algumas das mostras coletivas da instituição. A pesquisa sobre sua produção deu origem a um catálogo de 300 páginas com obras e textos críticos. O lançamento ocorrerá durante o vernissage.
- A Gilda não segue as regras do cânone da pintura brasileira, e talvez por isso tenha tido certa dificuldade de obter visibilidade pública - avalia o curador.
Desde o ano passado, outros dois artistas estiveram no centro das atenções do Margs, com duas grandes exposições individuais, os gaúchos Mario Röhnelt e Ana Norogrando.
Nos mesmos moldes, o Margs apresentará ainda em 2014 a primeira retrospectiva da porto-alegrense Ilsa Monteiro, que vive e trabalha no Rio de Janeiro.
Gilda Vogt - Uma Retrospectiva
> Abertura e lançamento do catálogo neste sábado (23/08), às 10h30min. Visitação de terça a domingo, das 10h às 19h. Até 28 de setembro. Entrada franca.
> Margs (Praça da Alfândega, s/nº), em Porto Alegre, fone (51) 3227-2311.
> A exposição: contempla a trajetória da artista carioca Gilda Vogt, com 105 obras produzidas desde a década de 1970 até 2012. Curadoria de Gaudêncio Fidelis.
> Preste atenção! O catálogo da exposição estará à venda por R$ 90 no dia da abertura e, depois, por R$ 120.