
Com Belle, a Companhia de Dança Deborah Colker vem contar a história que alguns conhecem pelo filme A Bela da Tarde (1967), de Luis Buñuel, outros, pelo livro homônimo publicado em 1928 por Joseph Kessel. Mas o enredo pode ser tão velho quanto a própria humanidade: nasce do famoso embate entre corpo e mente, razão e instinto, espírito e carne, amor e desejo. Dentro do 21º Porto Alegre Em Cena, o grupo carioca mostra o trabalho em sessões quarta e quinta, no Teatro do Sesi.
Tal como no livro e no filme, a história de Belle tem início, meio e fim - uma inovação para a companhia, que em seus 21 anos de trajetória começou a investir na narrativa somente em 2011, com Tatyana. Porém, aqui, as palavras ficam de lado e o corpo se encarrega de toda a narrativa, promessa de mais fisicalidade e sexualidade. A trajetória em questão é a de Sévérine, dona de casa que é apaixonada pelo marido, mas não consegue ter satisfação sexual no casamento. Atormentada pelos seus desejos, ela fica doente e começa a delirar. A saída radical encontrada pela personagem é adotar o codinome Belle e se prostituir.
- A companhia vem tentando há anos contar histórias, e agora desenvolve uma forma muito clara de fazer isso, sem ser didática. Como a dança não tem o texto, tudo está no corpo dos bailarinos - explica João Elias, que assina a dramaturgia do espetáculo, ao lado de Deborah Colker, e também a sua direção executiva.
A vida dupla da protagonista é replicada em todo o espetáculo: o primeiro ato (de 37 minutos) se passa em uma casa com móveis tradicionais, e o segundo (27 minutos), em um bordel em branco e preto. Além disso, figurinos comportados e sapatilhas são substituídos por trajes ousados de cores fortes e sapatos de salto alto, e Séverine é interpretada por uma bailarina, enquanto Belle é encarnada por outra. A trilha sonora vai de Miles Davis a Velvet Underground, além de música eletrônica assinada por Berna Ceppas.
Do segundo ato, espere uma sensualidade possivelmente inédita em uma montagem de Deborah Colker, afinal, tudo se passa em um bordel e a recomendação é de que os espectadores tenham mais de 14 anos. As coreografias incluem encenações claras de atos sexuais e alusões mais abstratas, como é o caso da cena em que os bailarinos pressionam seus corpos contra um grande pano, representando os desejos reprimidos na mente da protagonista.
Ainda que tenha conhecido a história por meio do filme dirigido por Buñuel e protagonizado por Catherine Deneuve, Deborah Colker preferiu basear-se no livro e situar a montagem em Paris, em 1930. Se o cineasta espanhol faz uma crítica aos costumes da burguesia, a coreógrafa enfoca a libertação sexual e suas consequências.
- Buñuel não gostava da personagem, e a Deborah é apaixonada pela dualidade dela. Não que haja elogio à prostituição. Mas ela tem um olhar muito romântico sobre essa pessoa - avalia Elias.
BELLE, DA CIA. DE DANÇA DEBORAH COLKER
> Quarta (17/9) e quinta (18/9), às 21h.
> Teatro do Sesi (Assis Brasil, 8.787), fone (51) 3347.8787. Estacionamento no local.
> Ingressos a R$ 80.
> Desconto de 50% para estudantes, crianças até 12 anos, professores e classe artística (um ingresso), pessoas com mais de 60 anos (um ingresso), Clube do Assinante ZH (titular e acompanhante - dois ingressos), clientes do cartão Petrobras (dois ingressos), força de trabalho Petrobras (dois ingressos), clientes Panvel (dois ingressos), clientes Zaffari/Bourbon (um ingresso),funcionários do sistema Fiergs (um ingresso), comerciários Sesc (um ingresso), funcionários da prefeitura de Porto Alegre (um ingresso) e funcionários Braskem (um ingresso).
> Pontos de venda: bilheteria da Usina do Gasômetro (João Goulart, 551), das 12h às 18h, call center 4003-1212, das 9h às 22h, loja My Ticket (Padre Chagas, 327), das 9h às 18h, site ingressorapido.com.br. Há cobrança de taxas, exceto na Usina.
No dia do espetáculo, os ingressos serão vendidos somente na Usina e na bilheteria do teatro, que abre uma hora antes do início da sessão, sem taxas.