Imagino que os leitores da coluna tenham uma família, em algum lugar. A minha, em sua maior parte, vive em Porto Alegre, enquanto eu, Baronesa Carneiro da Cunha e o Infante Manuel vivemos na distante São Paulo, o que assegura, em boa parte, o sucesso do relacionamento familiar e a perpetuidade do nosso amor.
A família Bluth não tem a mesma sorte. Eles vivem sobre, ao redor, sob e próximos uns dos outros, com exceção do patriarca Bluth, que no momento vive em uma penitenciária por conta de negócios imobiliários mais ou menos pantanosos.
A série se chama Arrested Development e é um clássico da nova televisão, criada na linguagem cáustica de The Office, Parks and Recreation e Veep, entre as melhores coisas que a TV produziu e herdeiros da mistura do humor inglês com o dos irmãos Marx, agora em cores.
Famílias são o epicentro de nossas vidas, para o bem e para o mal. Elas são neuróticas, excessivas, ruidosas, emocionais, conflitadas, grandes demais, pequenas em excesso, aqui e sempre. É nelas que viveremos enquanto amigos e amores vêm e, acontece, vão.
A família Bluth consegue ser a pior família do mundo e, ao mesmo tempo, a salvação de todos. Eles são uma mistura de terremoto com tsunami, mas precisam uns dos outros, como a terra e o mar. Nada é tão baixo, cruel, disfuncional ou mesquinho que eles não possam cometer. Mas, e aqui está a beleza da coisa, existe amor. E ele, caros leitores, é a diferença entre o tudo e o nada.
Arrested Development é inteligência e sensibilidade por todo lado, mesmo quando tudo isso serve para mostrar toda a nossa fragilidade, a nossa carência, a nossa solidão. Sem a família, não dá, e por isso A.D. é tão irresistível. Irresista no Netflix mais perto de você.
Fica a dica.