
Dois filmes em cartaz a partir desta terça-feira na Sala P.F. Gastal da Usina do Gasômetro oferecem aos cinéfilos um prazeroso espelhamento. Um, às 19h30min, é a obra-prima Era um Vez em Tóquio (1953), de Yasujiro Ozu (1903 - 1963), título sempre presente nas mais rigorosas listas dos melhores filmes da história. O outro, às 17h, é Uma Família em Tóquio (2013), releitura contemporânea do clássico de Ozu assinada pelo veterano realizador japonês Yoji Yamada, 83 anos.
Ozu iluminou, em Era um Vez em Tóquio, temas como laços familiares, velhice, morte e solidão, à luz das transformações sociais e culturais que o Japão vivia após a II Guerra, que acentuavam a ruptura entre tradição e modernidade. Na trama, um casal de idosos deixa sua pequena cidade para visitar os filhos em Tóquio. A recepção que encontram é um tanto fria. Na metrópole, parecem todos atribulados demais para dar atenção aos velhos.
Yamada, na sua homenagem, fez pequenas mudanças de situações e de perfis de personagens. E também não procurou emular as marcas autorais de Ozu, um dos grandes estetas do cinema, como a câmera próxima ao chão enquadrando personagens de baixo para cima e explorando a profundidade de campo e as intepretações naturalistas.
Era um Vez em Tóquio resultou em um tributo muito digno por sublinhar, em sua atualização de cenários, usos e costumes, as reflexões humanistas e existenciais impressas no trabalho original de Ozu, um filme grandioso no seu registro simples e sem pressa do complexo e dinâmico cotidiano da vida miúda. As exibições são em Blu-ray.
Era uma Vez em Tóquio (1953)
Uma Família em Tóquio (2013)