
A pilha de roupas para um meni­ninho. Os então melhores ami­gos que somem, como se para dar espaço ou por medo que a tristeza seja contagiosa. As gra­vações de momentos felizes, os bichinhos de pelúcia esparramados pela casa. O que sobra após uma tragédia? É do tentar se li­vrar do "manual de instruções para supe­rar o luto" que parte a trama de A Toca do Coelho, adaptação da peça homônima de David Lindsay-Abaire que marca a estreia do ator Dan Stulbach na direção.
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Quando Dani, um menino de três anos, morre atropelado por um jovem motorista, seus pais, Beca (Bárbara Paz) e Paulo (Rey­naldo Gianecchini), caem em um ciclo de recriminação, tristeza e memórias. Até que descobrem a gravidez da irmã de Beca e re­encontram o jovem responsável pela mor­te da criança. É com a esperança de uma nova vida - e uma referência às "tocas de coelho", termo da física que se refere a um túnel que atravessa tempo e espaço le­vando a universos paralelos - que o casal aprende a lidar com a dor da perda.
Para Gianecchini, apesar de ser repleta de silêncios e cercada por um subtexto doloroso, a peça não é pesada e não des­camba para o melodrama:
- O tema é delicado, mas a montagem tem momentos leves e até engraçados, as­sim como é na vida. E o público ri em 70% do tempo. Ao contrário do que as pessoas imaginam, não é um texto pesado. É muito humano, fala de esperança de uma forma muito bonita e as pessoas acabam se iden­tificando muito com essa família.
O ator admite não ter visto a interpre­tação de John Slattery (de Mad Men) na montagem original, nem procurou se ba­sear em alguém para compor o persona­gem. Diz tê-lo formatado a partir da em­patia, evitando a temerária pieguice que acompanha o tema do luto:
- É uma peça realista. O personagem é complexo, e eu acho que entendi a dor des­se pai, trata-se de uma dor identificável pa­ra mim, apesar de eu não ter filhos.
Neusa Maria Faro, Simone Zucato e Ra­fael de Bona também estão no elenco. A pe­ça rendeu a Lindsay-Abaire o Pulitzer em 2007 e um Tony, em 2008, a Cynthia Nixon (de Sex and the City), a Beca da montagem original. A versão para o cinema, no Brasil chamada Reencontrando a Felici­dade (2010), contou com Nicole Kidman e Aaron Eckhart nos papeis principais (a atriz foi indicada ao Oscar pela atuação).
A Toca do Coelho
Domingo, às 19h.
No Teatro do Sesi (Avenida Assis Brasil, 8.787)
Estacionamento: no local, a R$ 7.
Ingressos: de R$ 70 a R$ 100, à venda nas lojas My Ticket (Padre Chagas, 327, loja 6, e Andradas, 1.425, loja 16), das 9h às 18h, e no site www.ingressorapido.com.br. Call center: 4003-1212.