
Esqueça cantores, atrizes, esportistas ou celebridades que atravessam as ruas do Leblon ou de Hollywood. Os sujeitos mais populares do mundo, hoje, estão no YouTube. E jogam videogame.
Uma espiada rápida nas estatísticas do portal mostra que vídeos relacionados a games ocupam o segundo lugar entre os que detêm mais assinaturas - só perdem, claro, para produções relacionadas à música. No entanto, a pessoa física com mais seguidores no YouTube é PewDiePie, um sueco de 24 anos que produz gameplays e reúne nada menos do que 31 milhões de fãs em seu canal - a título de comparação, o séquito da celebridade mais bem colocada, Rihanna, não chega a 15 milhões.
Pew - apelido de Felix Kjellberg - faturou US$ 4 milhões em 2013 com vídeos em que aparece jogando videogame e conversando com os internautas. Seu sucesso é tão grande que a revista Variety o colocou em terceiro lugar entre as personalidades que mais influenciam os adolescentes norte-americanos. Pew só perde para duas duplas de comediantes, também locadas no YouTube.
Mas é na comunidade gamer que os chamados YouTubers cresceram, desenvolveram-se e hoje reinam absolutos. Seja falando sério, seja fazendo piada enquanto jogam (ou as duas coisas ao mesmo tempo), seu poder de aglutinar e engajar seguidores os tornou suficientemente importantes para que desenvolvedoras poderosas olhassem tanto para eles quanto para a mídia tradicional.
Cliff Bleszinski, criador da bem-sucedida franquia Gears of War, disse recentemente que acredita existir uma relação direta entre o quão bom um jogo é e quantos vídeos exclusivos no YouTube ele pode render. "Os YouTubers tomaram conta", assentiu.
No Brasil eles também são gigantes. Na última Brasil Game Show, uma das maiores feiras de games da América Latina realizada no começo do mês em São Paulo, YouTubers tiveram uma sala de imprensa exclusiva para eles - cujo acesso era praticamente selado por uma centena de fãs ávidos por autógrafos e fotos. Parecia saída de backstage de algum astro da música pop - incluindo a histeria e o empurra-empurra.
Esse assédio obrigou o YouTuber Rato Borrachudo a jamais revelar sua identidade. Sempre usando uma máscara de roedor, ele grava vídeos bem-humorados dublando games famosos enquanto joga. Deu tão certo que ganhou um programa dentro do canal brasileiro da desenvolvedora francesa Ubisoft.
Outros, como Eduardo Benvenuti, o BRKsEdu, produzem resenhas mais sérias e analíticas. E sabem de seu poder de persuasão.
- Atualmente, os YouTubers são a maior influência de consumidores de games, tanto no Brasil quanto globalmente - diz BRKsEdu, que hoje vive apenas de seu canal no YouTube e estima um tráfego entre 12 a 13 milhões de visualizações por mês. - Há um estudo recente do (site especializado em games) Gamasutra que mostra que um vídeo no canal TotalHalibut gera mais vendas do que uma resenha do portal IGN, por exemplo.