
Julio Iglesias está se despedindo dos palcos. Ou quase isso. Com 45 dos seus 71 anos dedicados à música, o cantor espanhol empreende o que pode ser a última grande turnê mundial da carreira. Porto Alegre, que já o recebeu inúmeras vezes, não poderia ficar de fora e abre as portas do Araújo Vianna, na noite de hoje. Ele também se apresenta amanhã, em Passo Fundo.
Em entrevista por telefone, Iglesias não confirma nem desmente ser esse seu derradeiro giro. Garante apenas que não vai se afastar totalmente da música - tem, inclusive, discos inéditos prontos para o lançamento. O problema parece ser as apresentações ao vivo.
- Quando subo no palco, tenho 19 anos. Mas, quando saio, tenho 155 - diz, gargalhando.
Mesmo assim, Iglesias decidiu dar mais uma volta no globo, usando como base a coletânea 1, que reúne alguns dos seus maiores sucessos. Entre os clássicos revisitados - e que devem ser apresentados por aqui -, estão Crazy, To All the Girls Ive Loved Before e Me Olvidé de Vivir.
No vídeo abaixo, Sant'Ana fala sobre o show:
Depois do Brasil, Iglesias segue para a Austrália, onde deverá se apresentar ao lado de jovens talentos da música pop, como Bruno Mars. Não que a idade seja algo que o incomode - pelo contrário.
- As mulheres me olham mais agora do que há 20 anos (risos). Me olham nos olhos para saber o que estou pensando (risos) - afirma, galanteador incorrigível.
Porto Alegre
Sexta-feira, às 21h. Classificação: 12 anos.
Auditório Araújo Vianna (Osvaldo Aranha, 685)
Ingressos: R$ 850 (plateia baixa lateral), R$ 1,1 mil (plateia baixa central) e R$ 1,3 mil (plateia gold). Desconto de 50% para idosos, estudantes e clientes Oi e 40% para titular e acompanhante do Clube do Assinante.
Ponto de venda sem taxa de conveniência: bilheteria do Teatro do Bourbon Country (Tulio de Rose, 80, das 14h às 20h). Pontos de venda com taxa de conveniência: My Ticket Moinhos de Vento (Padre Chagas, 327, loja 6, das 9h às 18h), Shopping Bourbon Novo Hamburgo (quiosque Teatro Feevale, das 12h às 22h), conveniência no 2º andar do prédio 5 na Universidade Feevale (ERS - 239, das 13h às 20h), Brocker Turismo (Avenida das Hortênsias, 1.845, em Gramado, das 9h às 18h35min), telentrega Ingresso Show pelo (51) 8401-0555, site ingressorapido.com.br e na bilheteria do Araújo Vianna (somente hoje a partir das 14h).
Passo Fundo
Sábado, às 22h30min.
Gran Palazzo (RST- 324, km 6)
Confira valores de ingressos no roteiro da página 6.
"Podem esperar muita paixão no show"
Um dos grandes ídolos da música romântica, Julio Iglesias é também um sujeito espirituoso e bem-humorado. Em entrevista por telefone, o cantor de 71 anos falou sobre o show da noite desta sexta-feira, seus ídolos no Brasil e, claro, sobre paixão.
Esta turnê foi anunciada como uma despedida. É isso mesmo?
Há uma pequena confusão a esse respeito. Das últimas vezes que estive no Brasil, foi mais para visitar os amigos e estar com a minha família, não era uma turnê tão grandiosa como esta. Agora, farei mais de 10 shows em vários lugares. Então, seguramente, será a última grande excursão que farei ao Brasil. Até por que ainda tenho muitas coisas para fazer na vida e pouco tempo (risos). Mas não deixarei de fazer música, isso nunca. Quando subo no palco, tenho 19 anos. Quando estou no palco, tenho 22. Mas, quando saio, tenho 155 (risos).
E o que seus fãs podem esperar desta turnê?
Podemos dizer que 90% do show é composto por canções que as pessoas querem escutar e 10% de canções que eu quero que elas escutem (risos). Mas podem esperar, sobretudo, a paixão pela música. Os artistas que sobrevivem ao longo do tempo sobrevivem por serem apaixonados. Quando um artista deixa de ter paixão, a arte morre. Cantar é muito fácil, a técnica, é dois mais dois igual a quatro. Mas a paixão não tem técnica. Ou se tem ou não se tem.
Essa paixão é a mesma de quando você começou a cantar?
Não. A paixão que eu tinha quando jovem era uma mescla de razão e sentimento. A paixão que tenho hoje é um perfeito equilíbrio entre cabeça e coração. É por isso que ainda posso cantar em uma turnê tão grande pelo Brasil e depois pela Austrália. Não é algo modesto de se dizer, mas é a verdade (risos).
As plateias em todos esses lugares reagem da mesma forma à sua música?
Fazer um chinês rir ou chorar é muito mais difícil do que fazer um brasileiro rir ou chorar, mas não é impossível. A verdade é que as pessoas riem e choram igual em todo o mundo. Há um ano, em Pequim, fui agraciado como o artista estrangeiro mais popular na China. E a primeira vez que cantei lá foi em 1976, então é significante para mim que o povo chinês, que não entende uma única palavra do que falo, se emocione com a minha música. É maravilhoso pensar que, nas montanhas chinesas, a sua música é popular! Nunca sonhei tão grande.
Na condição de um dos ícones da música latina, como você avalia o gênero hoje?
A música latina hoje está mais ligada ao eletrônico, à música americana. Exceto em casos excepcionais, a grande maioria dos artistas, especialmente os mais jovens, une a parte rítmica orgânica à parte elétrica. Hoje os artistas estão menos acústicos, mas são tão bons quanto. Eu adoro a música sertaneja, a música de Paula Fernandes, de Zezé di Camargo, sou muito aberto à música de todos os lugares, e a música brasileira é uma maravilha.
E quem, na sua opinião, melhor representa a música brasileira no mundo?
Vou lhe dizer o que acho de verdade: o que melhor representa a música brasileira no mundo são os brasileiros. É a música que eles têm na alma, não os cantores ou intérpretes. Porque a música é uma expressão que nasce sem dono e se aloja na alma do povo.
O mesmo pode ser dito da música latina?
Sim, sim. A música latina é a união do negro, do branco e do índio, uma mescla de ritmos e sons que está presente na cultura dos Andes, passa pelo Mato Grosso, chega na Bahia, chega a Porto Rico e ao Caribe, é a salsa, a cumbia, o mariachi, o merengue, o bolero. A música latina não é um artista, são milhões de artistas que se combinam e se misturam com o povo latino. Se vou a um pequeno clube no Paraguai e assisto a um grupo de harpistas paraguaios, fico louco de alegria. Se vou à Argentina e vejo bailar a milonga com um acordeonista, fico louco. O mesmo numa escola de samba ou durante um ensaio do Araketu no Brasil.
Você também é um ícone da música romântica e canta o amor há quase 50 anos. É diferente cantar sobre o amor hoje?
Quando eu tinha a sua idade (33 anos), amava da mesma maneira que amo hoje. Dizia que amava, que queria, que tinha saudade. O que você fala para sua mulher agora, eu também falava. A música era diferente, menos forte, mas as palavras tinham o mesmo significado.
Mas muitas mulheres reclamam que o homem romântico é uma espécie em extinção.
Quando você abre a porta do carro para uma mulher, ela não esquece. Quando você fecha a porta da vida para uma mulher, ela também não esquece. Mas, quando uma mulher fecha a porta da vida para um homem, ela vez ou outra pode abri-la de saudade. A verdade é que o amor não tem idade ou tempo certo. Nós temos idade. O amor, não.
Falando em idade, o senhor já está com 71 anos...
(interrompendo) Ah, isso é uma merda (risos).
Mas isso não parece lhe incomodar.
Não, não, não, não. As mulheres que têm 22 anos me olham mais agora do que há 20 anos (risos). Me olham nos olhos para saber o que estou pensando (risos).