"Modern", filme de Luiz Roque

Os filmes de Luiz Roque não são feitos para os cinemas, mas para serem exibidos em salas de exposição e galerias de arte. Por isso, ele transformou o Museu do Trabalho em dois ambientes de projeção para Canto Escuro, mostra que será aberta neste sábado (6/12), às 21h, na véspera do aniversário de 32 anos do espaço cultural.
Um dos convidados da 9ª Bienal do Mercosul no ano passado, Roque tem se destacado dentro e fora do país. Radicado em São Paulo desde 2009, o artista gaúcho passou os últimos anos cruzando continentes para realizar residências artísticas e apresentar seus trabalhos em países como EUA, Japão, Coreia do Sul, Inglaterra e Suíça. No Brasil, ele também tem circulado por instituições, eventos, mostras e feiras de arte - participará novamente da SP-Arte, em abril, representado pela galeria Bolsa de Arte.
Em Canto Escuro, Roque mostra dois filmes em preto e branco de curta duração, rodados em 16mm e inéditos em Porto Alegre. O Novo Monumento (2013) é resultado de residência no JA.CA - Centro de Arte e Tecnologia, em Belo Horizonte (MG), e já foi exibido em Jerusalém, Viena, Madri, Varsóvia e Nova York. Modern (2014), que ganha estreia mundial, foi realizado entre julho e outubro, em temporada na Delfina Foundation, em Londres. Entre esses dois filmes, Roque produziu Ano Branco, apresentado no Margs durante a Bienal do Mercosul.
Esses três trabalhos se relacionam por versar sobre questões de transidentidade e transgênero, a partir da invenção de universos ficcionais que embaralham climas retrô e futurista. Exibidos em diferentes salas no Museu do Trabalho, O Novo Monumento e Modern se aproximam em específico por criar conexões entre escultura, erotismo, desejo e cultura gay. No primeiro, uma obra de Amilcar de Castro entra em cena em uma narrativa com dançarinos de feições andróginas. No outro, um trabalho do britânico Henry Moore vira um objeto-fetiche na coreografia de um performer com pinta sadomasô inspirado em Leigh Bowery, ícone clubber dos anos 1980.

- Estou sempre tentando juntar as coisas, criar relações. Nesse caso, entre história da arte, cultura clubber, escultura e performance. Não trabalho com escultura, mas vejo nela uma coisa muito forte de gênero, porque são obras heteronormativas, formas de arte feitas por homens. A escultura tem essa coisa do masculino e me leva a falar de gênero e sexualidade - diz Roque.
Também em Porto Alegre, ele participa da exposição coletiva Um Firme e Vibrante NÃO, na Galeria Ecarta. Roque apresenta o vídeo Bicho (2008), que acompanha uma ação realizada com amigos no Margs na tentativa de tocar na obra Bicho, de Lygia Clark. O trabalho, concebido pela artista para ser manipulado, estava isolado na exposição e monitorado por seguranças para impedir o contato do público.
Canto Escuro - Dois filmes de Luiz Roque
> Abertura neste sábado (6/12), às 21h.
> Museu do Trabalho (Andradas, 230), em Porto Alegre, fone (51) 3227-5196.
> Visitação diária, das 14h às 19h, até 23 de dezembro. Entrada gratuita.
> A exposição: com curadoria de Gabriela Motta, Canto Escuro - Dois Filmes de Luiz Roque apresenta dois filmes da recente produção do artista gaúcho baseado em São Paulo que tem ganhado destaque nacional e internacional.