
A dura derrota sul-coreana para a Argélia por 4 a 2, no Beira-Rio, envergonhou os jogadores da seleção de Hong Myung Bo. Ao deixarem o gramado, eles se dirigiram a dois lados das arquibancadas, nos quais havia um maior contingente de torcedores da Coreia do Sul e, num tradicional gesto oriental, curvaram as costas e baixaram a cabeça.
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Mais do que um agradecimento ao apoio de milhares de conterrâneos em Porto Alegre, eles pediram desculpas pela derrota - que praticamente alija a seleção de avançar às oitavas de final da Copa do Mundo do Brasil.
Pois o mesmo constrangimento foi verificado na zona mista, quando os jogadores passaram pelos jornalistas. De cabeça baixa, poucos pararam para dar entrevistas. Nenhum se negou a falar com os jornalistas, é verdade, mas visivelmente eles preferiam correr para o ônibus e esquecer os quatro gols argelinos.
- Foi realmente frustrante. Não contávamos com isso. Fomos surpreendidos com a força ofensiva da Argélia e, depois, no segundo tempo, não tivemos forças para reagir - disse o zagueiro Kim Younggwon. - Agora, vamos pensar na Bélgica. Será um jogo muito complicado e ainda precisaremos torcer contra a Argélia diante da Rússia - acrescentou o coreano, quase em um lamento.
Autor do primeiro gol sul-coreano, o meia do Bayer Leverkusen Son Heungmin, lembrou que a seleção passou por uma renovação e entende que a falta de bagagem da equipe pode ter pesado, sobretudo, no primeiro tempo.
- Levamos 3 a 0 muito cedo. Voltamos mentalmente preparados para empatar na segunda etapa, conseguimos descontar, mas o quarto gol nos abateu e passamos a perder muitos gols - afirmou o camisa 9 da Coreia do Sul.
Não que os sul-coreanos tivessem grande expectativa com o Mundial no Brasil. O quarto lugar de 2002, a melhor colocação da história da seleção, quando eles receberam a Copa, em conjunto com o Japão, dificilmente seria repetido, mas havia a expectativa de atingir ao menos as oitavas de final.
Os 4 a 2 também nem passam perto da maior goleada sofrida pela Coreia do Sul, os 9 a 0 de 1954, para a Hungria de Puskás, mas a derrota para a Argélia, a primeira para um time africano, feriu a alma sul-coreana.
- Esta derrota para os argelinos foi um verdadeiro desastre. Um desastre. Esperávamos jogar a fase seguinte. Agora, ficou impossível - analisou o repórter Lee Jungchan, do jornal Chosun Ilbo.
A Coreia do Sul não vence uma partida de Copa do Mundo desde os 2 a 0 sobre a Grécia, em 12 de junho de 2010, na África do Sul. E, ao que tudo indica, seguirá assim, pois dificilmente derrubará os 100% da Bélgica, nessa quinta-feira, na Arena São Paulo, pela última rodada do Grupo H.
- Tivemos alguns erros defensivos no primeiro tempo. Não conseguimos ser agressivos no ataque, como os argelinos. São coisas que um time jovem como o nosso acaba aprendendo, ainda que isso não justifique a derrota - concluiu Ton du Chatinier, o holandês que é o auxiliar técnico e olheiro da Coreia do Sul.