
De perto, o homem que poderá decidir a Copa do Mundo para a Argentina até parece um ser humano normal. Tênis, meia, calção, camisa polo e casaco da seleção a tiracolo, ele para para dar entrevistas aos compatriotas na zona mista do Estádio Beira-Rio. Minutos antes, havia demolido com a Nigéria e assegurado a primeira colocação para a Argentina no Grupo F - para enfrentar possivelmente a Suíça nas oitavas.
Messi, "Mêssi", para os argentinos, fala baixo e em um tom incrivelmente calmo. Apenas um gradil separa um amontoado de repórteres do camisa 10 da albiceleste. E Messi atende à montanha que se ergue a sua frente com uma educação que muitas vezes não é vista em jogadores de clubes brasileiros.
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- Estou muito feliz por ter marcado estes dois gols em Porto Alegre, por ter sido logo após o meu aniversário (fez 27 anos, nesta terça-feira), mas, sobretudo, estou contente porque a nossa equipe está crescendo jogo a jogo - disse o craque.
- Não fomos bem na estreia, contra a Bósnia, mas já apresentamos um jogo coletivo bem superior contra a Nigéria. Estamos crescendo na hora certa - acrescentou "El 10".
Enquanto escutava de um jornalista que o treinador da Nigéria, Stephen Keshi, havia dito que ele, Messi, era "de Júpiter", o argentino agradeceu e advertiu, em meio a um sorriso tímido:
- Agradeço o que ele disse. A verdade é que, de agora em diante, não podemos errar. Precisamos ser perfeitos, senão estaremos fora da Copa. E quero ser campeão, deve ser algo lindo.
Quando deixava a zona mista, Messi deu um beijo no rosto do agora repórter da ESPN Brasil Juan Pablo Sorín, seu colega de seleção argentina na Copa da Alemanha, e recebeu do ex-lateral uma cuia de chimarrão - comprada pela produção do canal, em uma loja da Rodoviária de Porto Alegre, especialmente para ser presenteada ao craque. Messi falou ao vivo com Sorín e, depois, seguiu com a cuia em mãos para o ônibus que levou a delegação de volta ao Hotel Deville.
Ainda que sem o mesmo brilho nem audiência do capitão argentino, o lateral-esquerdo Marcos Rojo foi quem marcou o gol da vitória. O seu primeiro pela seleção.
- É o dia mais feliz da minha vida. Estávamos em casa, o Beira-Rio era argentino - afirmou aos jornalistas o lateral do Sporting (POR).
- Sonhava com este gol há tempos - completou.
Para Rojo, a Argentina mostrou o futebol que estava sendo cobrado pela imprensa mundial. Aposta em uma equipe ainda mais forte a partir das oitavas.
- Exploramos bem todos os espaços do campo e o nosso toque de bola ficou mais veloz. Nos defendemos bem, mesmo quando a Nigéria atacou com força, pois precisava empatar. Além disso, Lio (Messi) está com sorte. No primeiro gol, a bola bateu na trave, nas costas do goleiro e sobrou para ele - brincou o novo goleador do time.
Javier Mascherano, ex-Corinthians, assegurou que a Argentina já havia definido a sua preferência, entre Suíça e Equador.
- Não vou contar para vocês, mas uma das duas equipes se encaixa perfeitamente em nosso jogo. E é esta que queremos - assegurou, misterioso.
Já o goleiro Romero seguiu o discurso de Messi e lembrou que a partir das oitavas de final tudo ficará mais difícil:
- A Copa começa agora. E, pelas surpresas que vêm acontecendo, todos podem ganhar de todos.
Apesar da alegria pela vitória consistente sobre a Nigéria, Alejandro Sabella ganhou uma preocupação: Agüero. O atacante do Manchester City deixou o jogo ainda no primeiro tempo, com suspeita de lesão muscular na perna esquerda. A contusão de Agüero ganha contornos de pânico entre os hermanos. Caso o ex-genro de Maradona não atue, Lavezzi deverá ser o novo titular.
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