Copa 2014

Para cima da Alemanha

Técnico da Argélia quer vingar Copa de 1982: "Meus jogadores farão o possível para terem a sua revanche"

Vahid Halilhodzic, aos 30 anos, era um dos auxiliares da seleção argelina na ocasião

Leandro Behs

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Fernando Gomes / Agencia RBS
Vahid Halilhodzic orienta seus jogadores em treino na Arena neste domingo.

Não será apenas pela história, por chegar pela primeira vez às quartas de final de uma Copa do Mundo, que a Argélia buscará a vitória sobre a Alemanha, nessa segunda-feira, às 17h, no Beira-Rio. Também há um sentimento de vingança para os africanos.

Na Copa da Espanha, em 1982, os argelinos derrotaram os alemães na fase de grupos, mas não chegaram às oitavas porque a Alemanha bateu a Áustria por 1 a 0. Com o resultado, os africanos foram eliminados no saldo de gols. Alemanha e Áustria se classificaram na partida que ficou conhecida como o "Jogo da Vergonha". E os argelinos não esquecem jamais.

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- Eu estava lá em 1982. Fazia parte da comissão técnica (aos 30 anos, era um dos auxiliares). E as lembranças não são boas. Eu estava lá, como estou aqui agora. Em 82, todos disseram que a Argélia foi eliminada por causa da péssima qualidade de Alemanha x Áustria - disse o técnico bósnio da Argélia, Vahid Halilhodzic. - Não esqueci 82 e os meus jogadores farão o possível para terem a sua revanche - completou o treinador de 62 anos.

Apesar da diferença de histórico e conquistas entre as duas seleções, a Argélia jamais perdeu para a Alemanha. É bem verdade que foram apenas dois jogos. Mas os Guerreiros do Deserto somam uma vitória e um empate.

- Os alemães são impressionantes, têm finalizações rápidas e um ritmo veloz de jogo, mas têm altos e baixos, é verdade, e alguns tiraram vantagem disto. Venho tentando tirar dos meus jogadores esta mentalidade de inferioridade e de que somos zebras. Precisamos nos preparar para o jogo mais importante da nossa campanha. Se perdermos, sairemos de cabeça erguida - afirmou o bósnio.

E as conversas motivacionais de Halilhodzic já parecem ter atingido o alvo. Questionado sobre enfrentar os goleadores Müller ou Klose, o zagueiro Rafik Halliche, atleta da Acadêmica de Coimbra (que respondeu em árabe, francês e em português) disparou, confiante:

- Não faz diferença: nenhum deles fará gol amanhã.

O treinador da Argélia é uma espécie de Dunga, tamanha a veemência de suas palavras. É certo que fará da partida contra a Alemanha o maior jogo de sua vida.

- Falei a meus jogadores que teremos que ser excepcionais para seguir adiante. A Alemanha estará hipermotivada e é uma das favoritas à Copa. Mas nós queremos ir para o Rio, ao menos visitar Copacabana - declarou Halilhodzic, em referência às quartas de final, contra França ou Nigéria, no Maracanã.

Pela segunda vez em Porto Alegre, a primeira foi na goleada por 4 a 2 da Argélia sobre a Coreia, Halilhodzic disse que gostaria de contar com o apoio dos brasileiros.

- Fomos muito bem na primeira vez aqui. Agora, enfrentaremos um gigante e que joga um bom futebol, como os brasileiros gostam. Mesmo assim, espero que as arquibancadas simpatizem conosco. Precisaremos de todo o auxílio possível - comentou o técnico.

Dessa vez, haverá maior rigor na revista aos torcedores argelinos. Na partida de Curitiba, quando a Argélia obteve a vaga às oitavas ao empatar com a Rússia em 1 a 1, os africanos entraram na Arena da baixada portando sinalizadores náuticos - o goleiro russo também teve um laser verde apontado para o seu rosto em alguns lances da partida. Na goleada sobre a Coreia, no Beira-Rio, os torcedores da Argélia fizeram uma grande festa nas arquibancadas, mas deram trabalho aos stewards, que tentavam contê-los, sem sucesso.

O Ramadã

Tudo transcorria bem na coletiva de Vahid Halilhodzic até que um repórter perguntou, em inglês, sobre o Ramadã, o período atual e no qual os muçulmanos não devem se alimentar enquanto houver luz solar. Segundo a imprensa argelina, os jogadores da seleção teriam sido liberados do dogma para a decisão contra a Alemanha. Um líder espiritual estaria acompanhando a delegação, a fim de liberar os atletas do jejum, sem culpa. Dizendo-se também muçulmano, o bósnio fechou o cenho e, em tom grave, anunciou:

- É uma total falta de ética e de respeito da sua parte. Isto é algo privado e pessoal. As pessoas que seguem nos criticando não têm respeito algum. Estão estigmatizando o Ramadã. Por favor, parem de me perguntar sobre isto, caso contrário, vou me levantar e ir embora.

Em seguida, um pouco mais calmo, Halilhodzic foi questionado sobre o clima de inverno na cidade e se isto poderia ajudar a Alemanha, que não sofreria como ingleses e espanhóis, que jogaram sob forte calor no Norte e no Nordeste.

- A Inglaterra sofreu com o calor, sim, mas, para mim, a sua eliminação não foi surpresa. Acho que eles estavam um pouco cansados, antes mesmo da Copa. Além disto, alguns jogadores consagrados não estavam realmente dispostos a ganhar, não se esforçaram o suficiente. E também faltou ambição para a Espanha, que já ganhou tudo e não tinha aquela garra toda. Se a temperatura vai ajudar? Não sei. Mas estaremos prontos para a Alemanha - definiu.

Mesmo sem treinar no Beira-Rio, uma vez que a Fifa deseja preservar o gramado para a hora do jogo - o que foi permitido apenas para a Alemanha, que ainda não conhecia o estádio -, Halilhodzic realizou um minicoletivo na Arena. A Argélia deverá ter a seguinte escalação para buscar um lugar na história no Beira-Rio: M'Bolhi; Mandi, Belkalem, Halliche e Mesbah; Medjani, Bentaleb, Brahimi, Feghouli e Djabou; Slimani.

Veja fotos do treino na Arena:

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