
A chave para a Argentina chegar à final da Copa não é o ataque, que fez gols em todos os jogos e provou que não depende só de Messi. O calcanhar de Aquiles da seleção é a defesa, o setor mais irregular e que vai enfrentar o melhor ataque do Mundial, com 12 gols, ao lado da Colômbia. A zaga finalmente será testada e seu desempenho deve definir o futuro da equipe.
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O técnico Alejandro Sabella sempre usou um eufemismo para se referir à fragilidade da defesa. Gosta de dizer "equilíbrio tático". Ou seja, acha que os atacantes têm de começar marcando lá na frente para aliviar a carga dos zagueiros.
- Os atacantes têm de ser defensores, desde a saída de bola. Por outro lado, os defensores iniciam o ataque, com lançamentos ou passes curtos - exemplifica.
A balança só ficou em uma posição satisfatória na última partida. Sabella trocou o irregular Federico Fernández pelo experiente Martín Demichelis na zaga e sofreu menos nas bolas aéreas.
- Fernández não estava mal, mas Demichelis tem experiência no futebol internacional. Não sente a responsabilidade do jogo - avaliou o zagueiro Ezequiel Garay.
No meio, colocou Lucas Biglia para ajudar Mascherano na marcação. Fernando Gago perdeu o lugar. A Argentina sofreu menos, mas o adversário não tem a categoria ofensiva da Holanda, uma equipe veloz e mortal nos contragolpes. Por isso, Sabella pensa em uma proteção ainda maior. Uma alternativa seria colocar dois laterais esquerdos para anular o atacante Robben, formando duas linhas de marcação.
A primeira, mais adiantada, seria feita por Marcos Rojo, que volta ao time depois de cumprir suspensão. Ele poderia bloquear o holandês e ainda chegar ao ataque. A segunda linha de marcação seria feita por Jose Maria Basanta, reserva mais defensivo.
No aspecto defensivo, a entrada de Enzo Perez no lugar de Di María, que sofreu uma lesão muscular e está praticamente fora da Copa, também será importante. Ele fechou o lado direito contra a Bélgica e se dedica à marcação. Até Messi marcou, correu e fez faltas. E esse comprometimento deve ser repetido.
- Não estou acostumado a fazer esse jogo de correr. Fomos acima de tudo um time - disse o craque argentino. - É estranho ver Messi com poucas situações de gol, mas ele jogou para o time - elogiou o volante Mascherano.
Os jogadores vão precisar de tudo isso e um pouco mais na semifinal desta quarta, no Itaquerão.
- Não podemos dar espaços. Não podemos perder a bola e oferecer situações de gol. Eles (os holandeses) não perdoam - alertou o lateral Basanta.
Retrospecto
Todo esse temor com a defesa se justifica porque a Argentina vem sofrendo mesmo diante de rivais medianos. Nas Eliminatórias Sul-Americanas, a equipe sofreu 15 gols em 16 jogos, quase um por jogo. Contra a Bósnia, na estreia da Copa, o treinador armou um ferrolho com cinco defensores, mas ficou sem poder ofensivo. No segundo tempo, Sabella desfez o esquema e botou o time com três atacantes. Venceu por 2 a 1, mas tomou sufoco no final.
Contra o Irã, a situação foi ainda mais dramática. Mesmo enfrentando um rival inferior tecnicamente, o time correu riscos e foi salvo pelo goleiro Romero antes de Messi fazer o gol salvador aos 46 minutos do segundo tempo. "Foi meu melhor jogo no Mundial", avaliou o criticado arqueiro.
Contra a Nigéria, os defeitos novamente foram expostos e a equipe sofreu dois gols do atacante Ahmed Musa. Nesse ponto do torneio, no final da fase de grupos, a Argentina tinha a pior defesa entre os sul-americanos.
- Foi a nossa melhor partida ofensiva, mas ainda precisamos de equilíbrio defensivo - criticou o treinador novamente.
Nas oitavas de final, contra a Suíça, a equipe sofreu com o jogo aéreo e levou uma bola na trave no penúltimo minuto do segundo tempo da prorrogação. Os zagueiros ficaram olhando Dzemaili subir sozinho.
