
O estádio estava lotado, mas no gramado havia apenas um telão. A milhares de quilômetros de Salvador, onde a seleção dos Estados Unidos enfrentava a Bélgica pelas oitavas de final da Copa, americanos lotaram arquibancadas para torcer. A cena, no mínimo improvável até pouco tempo atrás, é o retrato de uma nova paixão que surge no país medalhista olímpico em múltiplas modalidades, mas sem tradição com chuteiras.
O esporte mais popular do mundo foi destaque nos sites dos principais jornais americanos na tarde desta terça-feira, com transmissões ao vivo, no topo da página.
Famosos compartilharam sua torcida nas redes sociais. Até a Casa Branca parou para ver o jogo, com Obama na primeira fila.
Como o próprio perfil oficial da seleção americana manifestou, o futebol, também nos Estados Unidos, foi capaz de unir a todos como uma só nação, um só time. Eles descobriram, afinal, a magia que tem uma Copa do Mundo de futebol.
Veja as estatísticas de Bélgica x Estados Unidos
Leia todas as notícias sobre a Copa do Mundo
Confira os confrontos das quartas de final
De férias nos Estados Unidos, a jornalista Larissa Magrisso esteve no estádio Soldier Field, em Chicago, e conta como foi:
"No Soldier Field, estádio de futebol americano em Chicago, o telão era grande, e a entrada, gratuita para ver o nosso futebol. Parecia mais festa de família do que mata-mata, mas nem por isso faltou emoção. Estados Unidos afora, estádios em grandes cidades atraíram milhares de torcedores que, com seus aplausos, caras pintadas de azul e vermelho e bandeiras, fizeram brasileiros sentir um pouco de clima da Copa mesmo longe de casa.


Em férias nos Estados Unidos desde o primeiro dia do Mundial, acompanhando de longe a animação dos amigos, deu vontade de curtir um pouquinho aqui também. O que encontramos na terra de Barack Obama foi muita gente compenetrada na tela e na narração, camisas com os dizeres "One nation, One team" e aplausos a cada uma das (muitas) defesas do goleiro.
Não vi choro, nem gente ajoelhada rezando. Não teve ola e as tentativas de emplacar um grito de "USA! USA!" logo morriam. De camiseta do Brasil, não recebi nenhuma hostilidade, mas também nenhuma provocação amistosa. Quem mais chamou atenção foi meu marido Daniel, de camisa do Grêmio.
- Porto Alegre, né? - perguntou um torcedor norteamericano, emendando:
- Desculpe, eu torço para o Corinthians.
No intervalo, um grito ganhou mais força: "I believe that we will win!" (Acredito que vamos vencer). Se muitos deixaram o estádio com o primeiro gol belga, o fluxo foi interrompido quando os americanos marcaram o seu. Gritaram mais, fizeram mais festa, antes do apito final. Não foi desta vez, disse o torcedor na nossa frente. Mas a adaptação que fez do grito de guerra mostra que o soccer movimenta público, porém ainda não ferve muito o sangue americano.
- I believe that we can try - cantou, rindo."
ZH Esportes