Foi contra o mesmo clube que enfrentará no domingo – 16h no Beira-Rio –, na estreia de sua terceira passagem como técnico do Inter, que Falcão executou uma das maiores atuações de sua carreira. Em 1979, contra o Palmeiras, o então camisa 5 jogou tão bem, mas tão bem, que obrigou o Jornal da Tarde a criar uma de suas manchetes esportivas mais famosas para descrever o que havia ocorrido na noite de 12 de dezembro.
O caso é conhecido: para chamar a semifinal do Brasileirão, o jornal perguntava quem era melhor: "Mococa ou Falcão?". Com dois gols e uma partida exuberante, o colorado obrigou os editores a praticamente pedirem desculpas no dia seguinte: "Falcão, é claro" no título, "Que ninguém se atreva a compará-los. Dentro ou fora do campo, Falcão ganha disparado" logo abaixo.
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É com essa memória que o técnico começa sua terceira era no comando do Inter. E é com a lembrança de antigos companheiros do time que conquistou o bicampeonato, há 40 anos – três temporadas antes daquela partida histórica no Morumbi –, que está a força do ídolo colorado para reiniciar sua trajetória no clube.
– Dirigir o time do coração é uma oportunidade linda. Acompanhei seu início de carreira e vi seu amadurecimento. Está pronto – comenta Elías Figueroa, capitão daquele título.
O companheiro de zaga do chileno naquela equipe era Marinho Peres, então capitão da Seleção. E vem dele a ilustração de o quanto Falcão já se interessava pelos aspectos coletivos do esporte:
– Fui eu quem ensinou a linha de impedimento. Ele me perguntou sobre a Holanda de Rinus Michels, de 1974, e mostrei como fazer. Naquele ano, pararam de chamar de "linha burra", fomos os primeiros no Brasil. E o Falcão era fundamental, sabia exatamente como precisava agir.
Depois de organizado atrás, o momento era de criar as chances. Para isso, sob as ordens de Rubens Minelli, o time priorizava a troca de passes e dribles decisivos. Quarenta anos depois, nos três treinos que comandou na semana, Falcão pediu o mesmo a seus jogadores. Não quer mais saber de balões ou de bolas "rifadas". A ordem é movimentação e intensidade.
– Claro que o desejo de todos os técnicos é jogar como o Barcelona. Mas precisamos lembrar que ali tem Neymar, Messi e outros jogadores que quebram marcação com o drible. No Inter não tem atletas assim. Por isso, Falcão precisa encontrar um sistema que se adapte ao material humano que tem em mãos – opina o ex-meia Batista, hoje comentarista do Premiere.
Para o ex-centroavante Dadá Maravilha, isso não será problema:
– Desde nosso tempo, Falcão era conhecedor de tática. E, como técnico, fez o Sport ter o time de futebol mais moderno do Brasil. Tem tudo para dar certo.
Para implantar sua filosofia de jogo "moderno", Falcão ensaiou o Inter em um 4-4-2 em duas linhas defensivas com quatro jogadores. Com a possível estreia do goleiro Marcelo Lomba, chegou a variar para o 4-1-4-1, sistema preferido por muitas equipes europeias.
Mas sabe que, para este jogo contra o Palmeiras, a principal mudança precisará ser de postura e motivação. E ligou o alerta no técnico adversário:
– É um gás a mais. Mudanças significam oportunidades novas para muitos jogadores. Motiva torcedor, imprensa, todos (...)Agora vão lotar o Beira-Rio – avisa Cuca.
Pois baseado nesta motivação atual e na memória daquele 12 de dezembro de 1979, Falcão reestreia no Inter. Leva, agora na casamata, a esperança dos colorados de, pelo menos, quebrar a má sequência de um ponto em 18 disputados. E, claro, de obrigar editores a criar manchetes e chamadas históricas para as futuras edições de jornais.
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