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Clubes apostam em exames preventivos para evitar novos casos como o de Serginho

Zagueiro do São Caetano teve mal súbito em campo durante partida e morreu há 10 anos

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Serginho teve uma parada cardiorrespiratória durante partida entre São Paulo e São Caetano

Parecia ser só mais um jogo de Campeonato Brasileiro, daqueles de meio de semana. São Paulo e São Caetano, no Morumbi. Mas ficou na história como um dos mais trágicos momentos do futebol brasileiro. O zagueiro Serginho, 30 anos, do time do ABC paulista, praticamente morreu ao vivo, aos olhos dos telespectadores, de parada cardiorrespiratória. Há exatamente 10 anos, em um 27 de outubro.

Paulo Sérgio Oliveira da Silva teve um mal súbito durante o segundo tempo partida e, apesar de tentativas de reanimações, o óbito do defensor foi confirmado às 22h45min daquele dia. Desde mesas de bar até a realização de seminários, houve discussões sobre a lentidão no atendimento, a alta carga de exercícios físicos dos jogadores profissionais, o rigor do calendário para os clubes e eventuais mudanças na lei.

Dez anos após morte de Serginho, futebol registra inúmeros casos de morte por
problemas cardíacos

De lá para cá, pouca coisa prática mudou. Desde 2003 - um ano antes do ocorrido, portanto - o Estatuto do Torcedor já definia a instalação de uma ambulância a cada 10 mil pessoas em qualquer espetáculo, inclusive esportivo, à disposição, não só dos protagonistas, como também de quem vai assistir ao evento.

Segundo o diretor médico do Inter, Paulo Rabello, o que mudaria o desfecho do caso Serginho talvez fosse a condução do clube em relação ao histórico clínico do atleta. O zagueiro do São Caetano sofria de miocardiopatia hipertrófica assimétrica, doença que dificulta a saída de sangue do coração, fazendo assim, que se force mais. Ele sabia disso, mas preferiu continuar jogando.

- Sendo assim, ele poderia morrer dentro de um hospital, mesmo se estivesse nos Estados Unidos. Fazemos no Inter todo tipo de exames pelo menos duas vezes por ano, um trabalho desenvolvido desde as categorias de base - informou.

O mesmo acontece no Grêmio. O coordenador médico do clube, Saul Berdichevski, acrescenta que todo atleta que começa no clube, além de ser rigorosamente avaliado, passa por entrevista para verificar se há problemas de saúde que vêm de família. Ainda assim, diz que há casos de doenças congênitas que não são passíveis de serem previstos.

Pós-Doutor em Cardiologia do Exercício e do Esporte, Ricardo Stein concorda que a miocardiopatia hipertrófica pode ser silenciosa e até traiçoeira. Sem entrar no mérito da situação específica de Serginho, o médico acredita que um atleta que está competindo em alto nível e recebe um diagnóstico semelhante, corre riscos ao seguir suas atividades.

- Este foi o caso mais emblemático do país. Mas, ao longo dos anos, vem se buscando soluções preventivas, até porque a tecnologia evoluiu na avaliação de eletrocardiogramas e ressonâncias cardíacas - frisa Stein, informando que a doença ocorre em uma a cada 500 pessoas.

Clubes se muniram de desfibriladores e medicamentos em volta dos gramados em treinos e partidas oficiais. Realizam cursos especializados no atendimento e tratamento.

- O corpo é uma engrenagem. Tem que ser feito um trabalho multidisciplinar entre departamento médico e de futebol, preparação física, nutricionistas - conclui Saul.

*ZHESPORTES

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