
Passa pelas 30 vitórias, oito empates e seis títulos conquistados em seis campeonatos disputados a confiança de Alexandre Gallo para o êxito neste ciclo olímpico brasileiro.
O coordenador das categorias de base da CBF falou com Zero Hora na última sexta, um dia depois de ter convocado a seleção sub-20 que disputará o Sul-Americano da categoria, em janeiro, no Chile, em busca da classificação ao Mundial. Há dois anos está preparando os jovens para suportar a pressão em casa da Olimpíada do Rio, em 2016.
- Alguns destes jogadores já estiveram até na seleção olímpica. Estão conosco há um bom tempo, desde o Mundial sub-17 do ano passado. É um grupo que estamos monitorando e apostamos muito - resume o treinador.
Você vê diferença na base e no profissional?
Há dois anos o tratamento é o mesmo da Seleção principal. Nunca fui treinador da base. Eu sei treinar profissionais. A ideia do presidente Marin é igualar os trabalhos. Os sub-20 jogadores que atuam em seus clubes até como titulares. Ou seja: tem as mesmas cobranças. Seleção, para eles, é importante. Eles jogam em alto nível, no Brasil e no Exterior.
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Os jovens de hoje já são destaques no Exterior. Isso é bom?
Acho natural essa antecipação de fase. A lei forçou o amadurecimento. A maioria dos atletas que saíram do Brasil são de menos de 15 anos, é difícil controlar, é uma tendência mundial. Alemanha tem sub-5, Espanha sub-8. Em Portugal, o primeiro contrato de formação pode ser aos 12 anos. A evolução do esporte antecipou o amadurecimento.
Cinco, oito anos, não é cedo demais?
É cedo, sim. Com oito anos é complicado dizer que o menino vai ser um grande atleta. Pode haver bom desempenho técnico e melhorar a questão tática, física e fisiológica. Mas tudo é aposta.
Você recebe jogadores com preparo diferente?
Há atleta que, na fisiologia, chega bem preparado é monitorado. Há diferença entre clubes, claro. Por isso monitoramos na CBF cerca de 40 a 45 atletas a cada categoria e acompanhamos jogo a jogo e fizemos encontros com coordenadores dos clubes.
A tendência são seleções principais cada vez mais jovens?
Sim, vejam o exemplo da Alemanha. Perderam para o Brasil em 2002 a Copa da Ásia, a Eurocopa de 2004, o Mundial de 2006 em casa e a Euro de 2008 e aí fizeram um projeto de 12 anos e subiram. Foram terceiro no Mundial de 2010 e vice da Euro em 2012. Para chegar ao título mundial em 2014, campeão sub-20 europeu e mundial sub-20, e feminino também, houve trabalho de longo prazo. Hoje a Alemanha tem 16 jogadores entre 22 e 26 anos, sem contar o Neuer e o Schweinsteiger, mais velhos, mas com idade para o próximo Mundial. Vão chegar com um grupo montado e forte para a Copa da Rússia.
O Brasil está preparado para um trabalho deste tipo?
Está. Temos 15 centros de formação. Podemos investir em médio prazo. Este nosso ciclo olímpico fez até agora 38 jogos, com 30 vitórias e oito empates. Eu não entendia a distância clube e CBF quando eu era treinador de clube. Nas convocações, vêm atletas com capacidade, que se comprometem, essa é a ideia do presidente Marin.
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Não é hora de a CBF aderir à data Fifa?
Seria bom para todos. Mas é um trabalho técnico que tem de ser feito pela direção da CBF, que pensa nisso. Já conversamos da necessidade de respeitar as datas Fifa porque os clubes têm de ter a tranquilidade para trabalhar suas competições.
Pelo exemplo da Copa, já se trabalha a questão psicológica?
É o grande trabalho do treinador. Estou com esse grupo há quase 2 anos e até a Olimpíada temos mais um ano, conheço o atleta que suporta esse tipo de pressão de uma Olimpíada. Vivi muito o que aconteceu na Copa das Confederações, na Copa do Mundo, quero canalizar a pressão sem dar peso maior diante de uma Olimpíada. O importante é o foco.
É possível monitorar os jogadores de forma personalizada?
Acontece muito de eu ligar e estar com os meninos. Rafael Alcântara, por exemplo, que agora joga no Barcelona, o filho do Mazinho, jogador de alto rendimento. Quando ele faz grandes jogos na Europa, antes no Celta (de Vigo), agora no Barcelona, eu o visitei na Europa. Já fui conversar com o Lucas Evangelista na Itália, com o Danilo em Portugal. Esse contato, esse estreitamento, é importante. Para uma pessoa confiar em você, você tem de comer um saco de sal junto com ela. Confiança demanda tempo, conhecimento. o atleta tem de conhecer o seu caráter e saber o que você quer dentro e fora do campo.
*ZH Esportes