
Após 16 dias de internação, Pelé está liberado para ir para casa. O rei do futebol recebeu alta do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no início da tarde desta terça-feira, e falou com a imprensa sobre o período de hospitalização devido a uma infecção renal. Bem-humorado, Pelé disse que não teve medo de morrer e ainda brincou com o futuro, ao garantir que vai disputar a Olimpíada de 2016, no Rio, com a Seleção Brasileira.
- Sabem que nas Olimpíadas pode ter três jogadores acima da idade, não é? Eu vou ser um deles.
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Antes de responder às perguntas, Pelé agradeceu o trabalho da equipe médica e o carinho de fãs de todo o mundo e explicou a situação que o levou ao hospital na noite de 24 de novembro.
- Realmente foi um susto. Eu teria uma tarde de autógrafos no Museu Pelé, em Santos, mas não pude atender. Tive alguns calafrios, algo que já tinha sentido outras vezes. Achei que ia passar logo. Pensei que era um problema de estômago. Depois, não tive muita noção do que estava acontecendo, só sei que sentia frio e, depois, calor, e pensava "isso não está acontecendo". Mas quero agradecer à equipe médica e a todos que mandaram mensagens. Veio mensagem da China, do Paquistão, de toda a Europa. Não sabia que todos estavam atentos a essa situação - disse.
O ex-jogador, de 74 anos, garantiu que, apesar da preocupação com o quadro de infecção que teve, não sentiu medo de morrer.
- É engraçado. Preocupado eu não fiquei, mas avaliei que aconteceu algo que nunca tinha acontecido na minha vida. Coincidiu de um período meio complicado pra mim, com a cirurgia na cabeça do fêmur (em 2012), aí a pedra no rim e a infecção. Comentei com a Márcia (namorada): "Em 30 anos de carreira, viajando o mundo todo, isso nunca aconteceu". Em situações assim, a gente lembra dos amigos. Um amigo meu falou sobre o Schumacher, que correu tanto perigo e, num passeio, se machucou.
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Pelé também falou sobre a revelação do fato de só ter um rim, após ter retirado um dos órgãos nos anos 70, nos Estados Unidos.
- Não é que eu tenha escondido. Enquanto ainda jogava no Santos, tive uma fratura na 12ª vértebra, que perfurou o rim. Fiz tratamento com pomada, fiquei enfaixado, mas tinha que seguir jogando, pra ganhar o cachê. Quando fui para o Cosmos, comecei a sentir dores e o médico disse "Você sabe que só tem um rim funcionando?". Quer dizer, eu tinha os dois, mas um não funcionava. Falou que teria que fazer uma avaliação, e foi aí que fiz a cirurgia em Nova York. Por isso que ninguém ficou sabendo - explicou.
Os médicos do rei destacaram também que, mesmo nos momentos mais complicados, ele não apresentou quadro de sepse (infecção generalizada), como se chegou a se cogitar.
- De quinta para sexta (27 para 28 de novembro), o Pelé teve uma resposta inflamatória sistêmica ao tratamento. Não houve sepse. Por isso o transferimos à unidade de terapia intensiva. Ele não ficou inconsciente em momento algum - disse um dos médicos que acompanhou Pelé na coletiva.
Por fim, Pelé disse ter ficado emocionado com o que acompanhou de futebol nesses dias de internação.
- O futebol emociona qualquer um. Esse negócio do Palmeiras, quase desclassificado (correndo risco de rebaixamento)... Fiz umas letras com o violão, é segredo. Mas me emocionei muito com a torcida do Palmeiras naquela agonia, a torcida do Vasquinho chorando. E lá em Minas a torcida do Cruzeiro fazendo aquela festa. Foi um fim de semana legal, emocionante. Quando se está na ativa, não se tem tempo de ver isso.