A novela da liberação do acesso que faltava a Porto Alegre pela Rodovia do Parque termina nesta segunda-feira, às 16h. Depois de vistoria na alça do viaduto que leva veículos da BR-448 ao bairro Humaitá, em frente à Arena do Grêmio, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) decidiram que há condições de segurança para que os veículos ingressem no bairro. O acesso abre com supervisão da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Eram preocupações com a segurança que impediam, mesmo depois de nove meses de funcionamento da rodovia, o uso da alça. EPTC e Dnit discordavam sobre de quem seria a responsabilidade pela sinalização do trecho - moradores temem que o fluxo de veículos vindo de uma rodovia de alta velocidade cause acidentes no bairro. A alça desemboca em uma avenida que ainda não foi duplicada, a Padre Leopoldo Brentano.
O impasse foi solucionado com a colocação, pela EPTC, de gradis ao longo do trecho em que a rodovia adentra o bairro, na quinta-feira, e, pelo Dnit, com a sinalização sobre a velocidade máxima no local, de 30 km/h. Na semana passada, o diretor-presidente da EPTC e secretário municipal de Mobilidade, Vanderlei Cappellari, havia dito que só faltava a sinalização para liberar a alça, mas o Dnit não tomava providências. O superintendente do órgão federal, Pedro Luzardo Gomes, reforçou que a preocupação com a segurança atrasou as definições:
- Há críticas por não ter sido feita a abertura da via até hoje, mas estamos lidando com vidas, com pessoas, e isso não tem preço.
Alça está bloqueada desde antes da inauguração da Rodovia do Parque
Foto: Mauro Vieira
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Antes da inauguração da BR-448, duas lombadas eletrônicas foram instaladas pela EPTC na alça, ao custo de R$ 4.022 por mês de aluguel, para reduzir a velocidade a 50 km/h no trecho. Segundo o órgão municipal, nunca foram utilizadas, geraram prejuízo de mais de R$ 30 mil e acabaram retiradas há cerca de duas semanas - deslocadas para a Avenida Padre Cacique. Duas lombadas físicas foram construídas no acesso ao Humaitá.
O novo acesso não deverá mudar a vida de quem vai aos jogos do Grêmio pela Rodovia do Parque: já está decidido que, quando houver jogo na Arena, a alça ficará bloqueada. Dependendo da importância da partida ou do evento, o fechamento deverá ocorrer entre uma e três horas antes do horário de início.
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Moradores reclamam de insegurança na região
As medidas colocadas em prática para abrir a alça não agradaram a moradores da região. Um grupo de cerca de meia dúzia de pessoas criticava as autoridades presentes à vistoria, na manhã desta segunda-feira. Sérgio Luiz de Almeida Bueno, delegado do Orçamento Participativo no bairro Farrapos e morador da área desde os anos 1990, reclamou que o trânsito será liberado sem que o projeto da Avenida Padre Leopoldo Brentano tenha saído do papel - e sequer é conhecido pela comunidade, disse.
Limite de velocidade no trecho em frente à Arena será de 30 km/h
Foto: André Mags
Moradora há mais de 50 anos da região, Lurimar Almeida Fiúza, 68 anos, alertou para outro risco: o de que as casas à beira da rodovia acabem sendo desapropriadas e removidas. Ela apontou para um bar com dois andares, próximo à Arena. Segundo ela, o imóvel vale R$ 600 mil.
- Com a desapropriação, não vão pagar nem R$ 100 mil de indenização. Melhoraram as coisas só aqui - apontou para a Arena -, mas nós ficamos sem benefícios. Estamos nos sentindo excluídos - completou Lurimar.
O grupo pretende marcar uma reunião para decidir o que fazer. Até lá, não cogitam fazer protestos.
Cappellari afirmou que a abertura da via ao trânsito é importante para ligar a BR-448 à zona norte de Porto Alegre. O objetivo é que futuramente seja criada a 4ª Perimetral, unindo a Rua Voluntários da Pátria à Leopoldo Brentano, seguindo então por um viaduto a ser construído sobre a BR-116 até chegar à Avenida Assis Brasil.
