
Durou pouco menos de 40 minutos a primeira reunião reservada entre o governador Tarso Genro e o governador eleito José Ivo Sartori. A conversa, que começou com sete minutos de antecedência, aconteceu no gabinete de Tarso, em uma sala contígua ao Salão Negrinho do Pastoreio, no Palácio Piratini.
O principal tema do encontro foi a situação financeira do Estado. Sartori apresentou questões a respeito dos saques e dos saldos restantes no caixa único e na conta dos depósitos judiciais, dos recursos a receber de empréstimos, das transferências de recursos do Governo Federal e das condições de pagamento da dívida com a União.
- Foi uma conversa muito amistosa. Ele (Tarso) me passou algumas questões da vida administrativa do Estado, sobre a realidade que está aí. Falamos bastante sobre o processo da dívida com a União. Eu cumprimentei o governador porque aquilo que foi encaminhado (aprovação no Senado da mudança do indexador dos juros da dívida) é um passo que abre a porta para futuras negociações e que estabelece uma possibilidade nova de gerenciamento - disse Sartori, indicando que poderá aproveitar o espaço fiscal aberto pela renegociação da dívida para tomar empréstimos que possam financiar investimentos e fazer frente à crise financeira no seu governo.
Os dois ressaltaram que o encontro foi cordial e que mais conversas poderão acontecer no futuro. Tarso se colocou a disposição para enviar à Assembleia Legislativa projetos de lei de reforma administrativa, que costumam desenhar a quantidade de pastas de primeiro escalão e a característica do Secretariado dos governos eleitos. Sartori não descartou a possibilidade de pedir o envio dessas propostas à Tarso.
Adriana Franciosi / Agência RBS

Na saída do encontro, Sartori ainda destacou que o deputado federal Beto Albuquerque somente não estará no governo caso não queira. Ainda sobre aliados, ressaltou a necessidade de constituir "maioria legislativa" e indicou que irá procurar PDT e PTB para falar sobre a possiblidade de ambos ingressarem no governo, o que lhe garantiria ampla vantagem parlamentar na Assembleia. Em coletiva depois do encontro, Tarso assegurou que deixará as contas do seu mandato quitadas - inclusive a folha de pagamento do 13º salário do funcionalismo. Ele confirmou que poderá utilizar valores dos depósitos judiciais para fechar as contas.
- Avaliamos a situação financeira do Rio Grande do Sul, que é praticamente a mesma de quando assumimos. As informações que eles pediram até agora são técnicas, já circulam pela imprensa, e dizem respeito predominantemente à questão financeira. Nós estamos utilizando os depósitos judiciais sempre que necessário, dentro do limite legal permitido. É um dinheiro disponível para o Estado conseguir tocar o seu caixa. Vamos encerrar nosso mandato pagando integralmente os salários, os aumentos e o 13º salário. Queremos deixar as contas em dia - garantiu Tarso.
Ambos garantiram que não falaram, na reunião, sobre o projeto de lei de reajuste do salário mínimo regional. Minutos depois de findado encontro, Tarso anunciou, na presença de sindicalistas, que enviará à Assembleia uma proposta de aumento de 16%, como pediam os representantes dos trabalhadores, em um percentual bem superior ao crescimento da economia. O assunto é polêmico e ganha um ingrediente político porque o vice de Sartori, o empresário José Paulo Cairoli, já manifestou a sua oposição ao salário mínimo regional.
- Eu vou governar o Estado até 31 de dezembro e vamos continuar com nossa política de valorização do salário mínimo regional, visando no mínimo recuperar o mínimo deixado pelo governo Olívio - disse Tarso.
Antes dele, em coletiva, Sartori desconversou. Apenas disse que o assunto não foi tratado. E negou veementemente que poderá fazer qualquer movimento para se opor ao índice proposto pelo atual governo.
Tarso voltou a negar que assumirá qualquer cargo de ministro no governo Dilma Rousseff. Disse que não há nenhuma possibilidade e assegurou que irá trabalhar em projetos de refundação política do PT, além de movimentos em favor da reforma política.
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*Zero Hora