
Em resposta ao pedido da defesa médico Leandro Boldrini, preso por suspeita de envolvimento na morte do filho Bernardo Ugglione Boldrini, o Ministério Público (MP) de Três Passos declarou, nesta quinta-feira, ser contrário ao pedido de revogação da prisão temporária de Boldrini.
O pedido foi feito na noite de quarta-feira, dirigido ao juiz Marcos Luís Agostini, de Três Passos
Conforme a assessoria do MP, no entendimento da promotora de Justiça Dinamárcia Maciel de Oliveira, a ordem de prisão temporária, ao contrário do que alega a defesa, não foi expedida por meras suposições ou desconfianças, ou apenas com base na palavra da suspeita Edelvânia, amiga de Graciele.
"Vários outros indícios apontam a perfeita ciência do pai acerca da morte do filho, antes mesmo do corpo de Bernardo ser encontrado e quando todos procuravam o menino ainda, o que o coloca dentro do rol de suspeitos", diz a nota.
Sobre o depoimento de Graciele Ugulini, que isentou o marido do envolvimento com o crime, Dinamárcia disse que a postura esperada pelo MP - seria uma estratégia defensiva previsível. "Apoderar-se apenas dessa nova manifestação, assim como de outras, igualmente produzidas pelo trio de suspeitos, para efeito de liberar Leandro Boldrini antes do fim do prazo de prisão temporária seria algo, segundo a ótica ministerial, totalmente divorciado da racional e metodológica apreciação da prova e, até, de uma ingenuidade que não pode acompanhar operadores do Direito", argumenta a promotora na nota publicada.
Por meio da assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça (TJ), o juiz disse só irá analisar o pedido da defesa na sexta-feira.
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Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, uma sexta-feira, em Três Passos, município do Noroeste. De acordo com o pai, o médico cirurgião Leandro Boldrini, 38 anos, ele teria ido à tarde para a cidade de Frederico Westphalen com a madrasta, Graciele Ugolini, 32 anos, para comprar uma TV.
De volta a Três Passos, o menino teria dito que passaria o final de semana na casa de um amigo. Como no domingo ele não retornou, o pai acionou a polícia. Boldrini chegou a contatar uma rádio local para anunciar o desaparecimento. Cartazes com fotos de Bernardo foram espalhados pela cidade, por Santa Maria e Passo Fundo.
Na noite de segunda-feira, dia 14, o corpo do menino foi encontrado no interior de Frederico Westphalen dentro de um saco plástico e enterrado às margens do Rio Mico, na localidade de Linha São Francisco, interior do município.
Segundo a Polícia Civil, Bernardo foi dopado antes de ser morto com uma injeção letal no dia 4. Seu corpo foi velado em Santa Maria e sepultado na mesma cidade. No dia 14, foram presos o médico Leandro Boldrini - que tem uma clínica particular em Três Passos e atua no hospital do município -, a madrasta e uma terceira pessoa, identificada como Edelvania Wirganovicz, 40 anos, que colaborou com a identificação do corpo.
Bernardo nunca deixou de admirar o pai e só queria atenção
