
Agricultores, donos de agroindústrias e comerciantes de combustíveis da BR-386 temem sofrer prejuízos caso persista, durante a semana, a interrupção do trânsito na ponte sobre o Rio Uruguai entre Iraí, no Rio Grande do Sul, e Palmitos, em Santa Catarina. Pelo menos 20% das cargas gaúchas que seguem para o centro-oeste do Brasil passam pela ponte, incluindo produtos como máquinas agrícolas, sementes de soja e outros bens destinados à região povoada por gaúchos nos anos 70.
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O trânsito de veículos e pessoas foi interrompido na ponte sexta-feira à tarde, devido à cheia do Rio Uruguai. A força da água estava fazendo balançar a já problemática estrutura da ponte, que está em reparos desde o final do ano passado. Na época, um dos moradores da região postou na internet um vídeo da ponte balançando durante a passagem de caminhões.
_ Vamos esperar o rio baixar mais uns quatro metros para fazer uma vistoria dos pilares da ponte e depois decidirmos se vamos reabri-la _ informou o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Estado, Pedro Luzardo Gomes.
Gomes acrescenta que há uma equipe de técnicos no local para monitorar a evolução da cheia do Uruguai. Durante todo o fim de semana, caminhões se acumularam nos pátios dos postos de combustíveis da estrada à espera da liberação da ponte.
_ Durante a manhã, nós tínhamos mais de 80 caminhões no nosso pátio de estacionamento, um número bem acima da média diária de 10 veículos _ afirma o empresário do setor Ivan Dall'Agnol.
Ele lembra que todo o comércio à margem da estrada depende do trânsito de caminhões, e uma eventual prorrogação na proibição da passagem de veículos na ponte irá afetar a economia da região.
Elizeu Buzatto, dono de uma indústria de laticínio em Seberi, cidade agrícola da região, afirma que os problemas com a ponte vêm de muito tempo e têm sido denunciados nas reuniões de empresários com autoridades governamentais.
_ A ponte é a principal ligação do Estado com o Centro-Oeste, importante região consumidora de produtos industriais gaúchos. A interrupção não se deve apenas à enchente, mas ao abandono da manutenção e ao fato de que ela se tornou obsoleta com o tempo _ analisa o empresário José Carlos Silvano, conselheiro do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs).
Posto de combustível serve de paradouro
Cerca de 30 caminhoneiros aguardam para atravessar a fronteira entre RS e SC
Foto: Ronaldo Bernardi/ Agência RBS

Na região, no final da tarde de domingo, a única passagem para o Oeste do Brasil era a ponte entre Nonoai, no Rio Grande do Sul, e Chapecó, em Santa Catarina. Outra existente entre a cidade gaúcha de Erechim e a catarinense de Concórdia, pela BR-153, teve o trânsito interrompido na tarde de sábado devido ao rompimento da rodovia a dois quilômetros da cabeceira da ponte, no lado gaúcho. O Dnit deverá construir um desvio no local durante a semana.
Em um posto às margens da BR-386, perto da ponte Iraí-Palmitos, cerca de 30 caminhões estavam estacionados, com carga para ser levada a outros Estados. Luiz Shardosin do Nascimento, 42 anos, chegou ao local na sexta-feira à noite. Ele saiu de Porto Alegre e tem como destino Porto Velho (RO).
_ Não quis arriscar a rota alternativa (por Nonoai). Vou ficar esperando que a ponte seja desbloqueada. À esta altura (domingo de tarde), eu poderia estar em Cuiabá _ conta.
Situação semelhante passavam os caminhoneiros Gladimir Pedroso, 44 anos, e Regis Alves, 34 anos, que saíram de Cruz Alta com destino a Minas Gerais e Mato Grosso, respectivamente. A dupla, no entanto, cogita fazer outro caminho se a chuva parar.
_ Já estou aqui desde sexta-feira. Para Uberlândia, eu levaria dois dias e meio. Se o tempo secar vou pegar a estrada de chão _ conta Pedroso, que faz as refeições e toma banho no próprio posto.