Alocidis Garcia atendeu o telefone no momento em que acabava de instalar uma das formas que encontrou para combater os efeitos do aumento na conta de luz de mais de 20% autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) para a Rio Grande Energia (RGE).
- Estou acabando de colocar lâmpadas de mercúrio na loja. Ilumina mais e o gasto é menor - disse a Zero Hora.
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Garcia, 52 anos, mora em Cachoeirinha - um dos 264 munícipios gaúchos das regiões Norte e Leste abastecidos pela RGE. Com o reajuste, a conta da luz de casa, que, no último mês, foi de R$ 67,3 vai para R$ 84,45 e a da loja de produtos agropecuários que é proprietário deve passar de R$ 52,2 para R$ 64,2. O novo gasto mensal vai ser compensado no orçamento da família de três pessoas com várias estratégias: uma delas é a mudança das lâmpadas na loja.
- Vamos ter de cortar gasto principalmente na cesta básica. Aproveitar a abundância de madeira e usar mais o fogão à lenha e economizar no gás - diz o comerciante.
A maior preocupação é com o consumo de energia do chuveiro elétrico. Garcia pretende consultar os amigos eletricistas para "saber o que fazer".
Se o reajuste de 23% impacta no bolso das famílias, afeta também o setor industrial, que terá uma alta de 22,34%.
A notícia foi recebida com pesar pelo setor produtivo da Serra. Carlos Heinen, presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), disse ao jornal O Pioneiro que o momento para a indústria da Serra era de cautela mesmo antes do novo custo:
- Vemos esse reajuste com bastante preocupação. Afeta muito a nossa competitividade. O custo, sem dúvida, vai complicar mais a retomada da indústria.
Paulo Steele, diretor da empresa especialista em energia TR Soluções, diz que o peso da nova tarifa será sentida quando os consumidores receberem as contas no final de julho e início de agosto. Sobre o fato de o reajuste concedido pela ANEEL ser superior ao que foi pedido pela RGE, Steele diz que não é incomum.
- Em 2013 e 2014, 13 distribuidoras tiveram um reajuste maior do que o pedido.
As principais causas do reajuste alegadas pela RGE foram aumento dos custos que a distribuidora teve com compra de energia mais barata, seguida da suplementação com contratos de energia por disponibilidade (energia térmica, mais cara) e variação da tarifa de Itaipu.