
O cheiro penetrante de querosene misturado com fuligem invade as narinas de quem chega no epicentro da tragédia de Santos, na esquina das ruas Vahia de Abreu e Alexandre Herculano, no bairro Boqueirão. É naquele quarteirão, isolado pelos bombeiros, que despencou o Cessna desgovernado, matando sete ocupantes - entre eles o candidato à Presidência da República Eduardo Campos - e ferindo seis pessoas no solo.
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Uma das feridas é a advogada Larissa Pires Correa, 34 anos. Ela estava no horário de folga, nadando com a filhota Gabriele, de um ano e nove meses, quando ouviu um grande estouro e vidros começaram a rebentar sobre sua cabeça. Os cacos de uma vidraça, estourada pelo jato em queda livre, atingiram mãe e filha e as duas sofreram diversos cortes. Mas sobreviveram, e estão internadas no hospital Santa Casa de Santos.
Quem conta é Fabiano, marido de Larissa e também advogado. Ele estava no escritório, situado a 10 minutos do local do acidente, quando recebeu o telefonema avisando da esposa e da filha feridas.
- Fiquei quase louco, mas logo soube que estavam bem. Levaram alguns pontos e estão em observação. Nasceram de novo. Rezo todas as manhãs na igreja (católica), vou rezar mais ainda e levar elas, agora - relata Fabiano.
A dona de casa Regina Célia Meringuer, 55 anos e moradora da Rua Alexandre Herculano, conta que passava perto da janela do apartamento quando ouviu o ruído estridente de uma turbina. Foi olhar e viu o jato que conduzia Eduardo Campos, "em chamas", passando entre os edifícios.
- Fiquei muda, meio boba... E o avião bateu em cheio no meio do quarteirão. Acho que o piloto desviou de um prédio de 10 andares, de propósito, mas não conseguiu desviar dos outros. Foi horrível - descreve Regina, que correu para a rua e tentou chegar até os feridos, que gritavam em meio às chamas. Pedaços de corpos podiam ser vistos por toda parte, já que a aeronave se desintegrou.
Socorristas oriundos de mais de 10 instituições diferentes (policiais, bombeiros, guardas municipais e particulares, militares das Forças Armadas) correram para o bairro. Encontraram pedaços de turbinas, metal retorcido, assentos do avião em chamas, corpos destroçados.
- O pessoal chegou em 10 minutos, já que tem uma estação dos bombeiros a um quilômetro, no porto. Ajudamos a socorrer os seis feridos, mas quanto aos ocupantes do avião, nada a fazer - descreve o capitão Marcos Palombo, porta-voz dos bombeiros de Santos.
Os bombeiros isolaram o quarteirão, vasculharam escombros e encontraram uma das caixas-pretas do avião (que, na verdade, são laranjas) e a entregaram para a Aeronáutica.
Em infográfico, veja como foi o acidente:
O jato caiu no bairro Boqueirão, na região central de Santos: