
O confronto entre Israel e o Hamas foi retomado nesta quarta-feira, deixando pelo menos dezoito palestinos mortos, incluindo a esposa e o bebê do chefe militar do movimento palestino, alvo de um ataque israelense.
A espiral de violência explodiu na noite de terça-feira, quando foguetes lançados a partir da Faixa de Gaza chegaram a Tel Aviv e Jerusalém, colocando fim a uma trégua respeitada desde 11 de agosto. Em resposta aos ataques, os israelenses reiniciaram seus bombardeios contra o território palestino, já devastado por um mês de guerra.
Segundo os serviços de socorro locais, ao menos 120 palestinos ficaram feridos e 18 morreram, elevando a mais de 2.030 os palestinos mortos desde o início das hostilidades, em 8 de julho.
Entre as vítimas figuram a esposa e um filho de sete meses de Mohammed Deif, chefe das Brigadas Al-Qassam, poderoso braço armado do Hamas, que controla a Faixa de Gaza. Segundo o Hamas, Deif está vivo e segue no comando do grupo.
Em entrevista à rádio militar, o ministro israelense do Interior, Gideon Saar, defendeu o ataque:
- Mohamed Deif merece a morte como (o ex-número um da Al-Qaeda, Osama) Bin Laden. É um alvo legítimo, e quando uma oportunidade se apresenta, é preciso explorá-la para liquidá-lo - afirmou.
Israel já tentou assassinar Deif, chefe das Brigadas Al-Qassam desde 2002, em cinco ocasiões.
Desde o início da guerra, mais de 2.030 palestinos morreram, em grande parte civis, e ao menos 10.300 ficaram feridos. Além disso, 64 soldados israelenses perderam a vida e os foguetes lançados de Gaza mataram três civis em território israelense.
Negociações paralisadas
A ruptura da trégua, que expirava na terça-feira às 21h (18h de Brasília), levou à paralisação das negociações no Cairo entre israelenses e palestinos para tentar alcançar um cessar-fogo duradouro. A delegação israelense saiu após uma convocação do governo de Israel e os palestinos farão o mesmo nesta quarta-feira.
- O cessar-fogo está morto, e Israel é o responsável. Sairemos amanhã, mas não nos retiramos das negociações - disse Azam al-Ahmed, chefe da delegação palestina, que confirmou que não voltarão ao Cairo até que Israel responda a sua proposta de trégua
O Egito convocou israelenses e palestinos a retomar as negociações no Cairo e disse que lamentava profundamente a ruptura da trégua. Os palestinos afirmaram diversas vezes que não assinarão nenhum acordo enquanto o bloqueio econômico de Gaza imposto há oito anos não for levantado. Os israelenses, por sua vez, exigem como condição sine qua non a desmilitarização do reduto.
Os Estados Unidos disseram estar muito preocupados pela ruptura do cessar-fogo, ao mesmo tempo em que consideraram que Israel tinha o direito de se defender do lançamento de foguetes de Gaza.
Uma proposta egípcia preconizava um acordo em pontos menos sensíveis, como a ampliação da zona de pesca dos moradores de Gaza, uma maior abertura das fronteiras entre Israel e Gaza ou o envolvimento de Israel na ajuda humanitária aos palestinos. Os temas espinhosos, como a construção de um porto e um aeroporto em Gaza, seriam abordados mais tarde.
*AFP