Uma reintegração de posse na manhã desta terça-feira fez com que policiais militares e moradores sem-teto de um prédio no centro de São Paulo entrassem em confronto. O edifício de 20 andares, na Avenida São João, foi ocupado há seis meses por cerca de 200 famílias, ligadas a movimentos de luta por moradia. Conforme informações do jornal O Estado de S.Paulo, 80 pessoas foram detidas e encaminhadas ao 3º Distrito Policial de São Paulo.
Em frente ao Theatro Municipal, nas proximidades do local da reintegração, um ônibus foi incendiado. Além de consumirem o veículo, as chamas atingiram a rede elétrica. Também foram feitas barricadas com lixo e madeiras em diferentes pontos.
A Polícia Militar cumpre uma decisão judicial - a corporação, no entanto, não foi bem recebida ao chegar ao prédio. Os habitantes do imóvel, que pediam mais caminhões para realizar a mudança, atiraram objetos em direção aos policiais, que responderam com gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Confira imagens registradas durante a manhã
Coordenadora do Movimento Sem-teto do Centro (MSTC), Ivonete Araújo reclamou que um acordo não foi cumprido.
- O proprietário não cumpriu os meios que ficaram acordados em uma reunião. Ele prometeu 40 caminhões, 120 carregadores e não tem - disse Ivonete à Rádio Estadão, acrescentando que as famílias não têm para onde ir.
Por volta das 10h30min, homens com rostos cobertos começaram a depredar estabelecimentos comerciais, que fecharam as portas devido à confusão. Com um tumulto generalizado na região, não se sabe se a depredação foi promovida por pessoas ligadas à ocupação.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a juíza Maria Fernanda Belli, da 25ª Vara Cível do Foro Central, determinou a reintegração de posse do prédio, a pedido da empresa proprietária do imóvel, a Aquarius Hotel Limitada. A Justiça requisitou o apoio da Polícia Militar na desocupação.
A reintegração estava prevista para ocorrer no dia 11 de junho, porém, na ocasião, foi cancelada porque não foram disponibilizados pela empresa proprietária do imóvel os meios necessários para a desocupação (caminhões e carregadores para o transporte dos pertences dos moradores).
A medida foi reagendada para o dia 27 de agosto. No entanto, no dia, foi novamente suspensa porque os oficiais de Justiça avaliaram que o número de caminhões e transportadores ainda não era suficiente. Uma das integrantes do movimento, Shirley Santana, de 35 anos, disse que estava no interior do prédio quando a polícia chegou e atirou bombas pela janela:
- As pessoas resistem porque elas não têm para onde ir.
*Zero Hora, com agências
