
- Esse fogão nunca custou R$ 3 mil. Agora, eles colocam esse preço - indigna-se um consumidor em uma loja de eletrodomésticos no centro de Porto Alegre.
Na sexta-feira de promoções importada da tradição norte-americana - a Black Friday -, o comentário de um senhor de meia-idade reflete a atenção dos compradores com a promessa de descontos. Muitos deles debandaram-se às ruas da cidade em busca dos preços baixos, mas com a consciência de que nem toda propaganda é o que parece ser.
Na Rua Doutor Flores, ponto de concentração de lojas de eletrodomésticos na Capital, teve até congestionamento - só que nas calçadas e corredores do comércio. Balões, placas e fitas pretas assinalavam a data especial de corte nas etiquetas, e vendedores se viravam em dois para dar conta do público. Parte dele, porém, impaciente com a espera.
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Acima da expectativa, 70% do varejo de Porto Alegre se engajou na campanha, garante a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade. Um balanço oficial das vendas só deve ser divulgado na segunda-feira, mas entre os empresários já circula o comentário de que a data superou o que se esperava dela.
Pelo termômetro do movimento no comércio, eletrodomésticos são os produtos mais procurados na Black Friday. Quem aproveitou foi a técnica em enfermagem Clair Batillana, 30 anos, que garantiu um home theater por R$ 300 a menos do que o preço tradicional, afirma.
- Mas ainda vou dar uma voltinha pra ver se encontro mais alguma coisa - disse.
Na calçada da mesma loja, enquanto dois funcionários acomodavam uma caixa no banco de trás de um carro, uma consumidora vangloriava-se da aquisição de uma Smart TV:
- Tem de comprar o que realmente vale a pena, né? Não o que já vem com tecnologia atrasada.
Antes que pudesse completar seu nome, a jovem morena teve de entrar no veículo estacionado em local proibido que já provocava buzinaços na região.
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No centro, parte das lojas abriu as portas uma ou duas horas mais cedo - e o fechamento deve ser às 20h, uma hora mais tarde do que o habitual. Os gerentes do comércio contabilizavam as vendas: o dobro, o triplo e até cinco vezes acima de uma sexta-feira comum, garantiram.
Já no shopping visitado pela reportagem, o movimento também era grande, mas não se comparava ao do centro da cidade. Pelo Praia de Belas, havia inclusive lojas sem menção à Black Friday - mas a ida e vinda de sacolas dependuradas em braços não deixava o dia passar em branco. Quem ficou imune à data foi o Procon da Capital. O órgão registrou apenas uma reclamação durante a sexta-feira de descontos. Queixa que, no final das contas, acabou não se confirmando.