
A cadelinha de rua que por pouco não engrossou a estatística da matança de cães que choca a comunidade de Bom Jesus, na Serra, há quase uma semana agora ganhou um lar. Comovida com a luta do animal para reagir à intoxicação, a diarista Berenice de Oliveira da Silva, 44 anos, resolveu cuidar do bichinho.
Confira todas as últimas notícias de Zero Hora
*Zero Hora
Na tarde de terça-feira, foi Berenice quem socorreu a cadela, que estava agonizando em frente à sua casa. Ela avisou a polícia, que acionou a Associação Bonjesusense Protetora de Animais. O veterinário Jackson Longhi, voluntário da ONG, aplicou um antídoto. A cadela expurgou o pedaço de carne supostamente envenenado com um fungicida usado no cultivo de batatas e conseguiu sobreviver.
Na pequena cidade de cerca de 10 mil habitantes que tenta entender a razão do extermínio de mais de cem cães e gatos por envenenamento desde a quinta-feira passada, a sobrevivente virou um símbolo da luta contra a crueldade.
- Todos os vizinhos passaram aqui para ver como ela estava, eu nem fui trabalhar hoje à tarde para ficar cuidando dela. A gente se preocupa com os bichinhos - diz Berenice, que ainda não escolheu o nome da nova mascote.
Segundo Berenice, a cadela passa bem. Ela se alimentou e bebeu água normalmente e já tenta correr pelo pátio que agora será seu lar.
O vômito da cadela e a carne supostamente envenenada, recolhidos pelos voluntários da Associação Protetora dos Animais, foram entregues à Polícia Civil. O material será encaminhado ao Instituto Geral de Perícias (IGP) para análise laboratorial. Não há previsão de quando a análise será concluída.
A delegada Thalita Giacomitti Andrich, que coordena as investigações, informou que os vídeos em que aparecem veículos em atitude suspeita na madrugada de quinta-feira, quando foi registrado o maior número de casos, também serão remetidos ao IGP. Imagens de câmeras de segurança são a principal pista da polícia para identificar os suspeitos.
O ato pode ser enquadrado no crime de maus tratos aos animais, com pena de três meses a um ano de prisão, podendo ser majorada pelo número de atos praticados e por associação criminosa, se ficar comprovado que há mais de uma pessoa envolvida.