
Cinco israelenses morreram e oito ficaram feridos nesta terça-feira, em um atentado contra uma sinagoga em Jerusalém. Dois palestinos invadiram o local no momento da oração e foram mortos em seguida. Este é o ataque mais violento das últimas semanas na Cidade Sagrada, que passa por um período de grande tensão.
Israel fecha duas passagens na fronteira com a Faixa de Gaza
Exército israelense mata jovem palestino perto de Hebron
O ataque foi celebrado pelo Hamas e pela Jihad Islâmica, as duas principais forças islamitas palestinas. O atentado aconteceu em um bairro ultraortodoxo, considerado um reduto do Shass, um partido religioso. Entre os nove feridos, cinco deles estavam em estado crítico, incluindo o policial druzo Zidan Saief, 30 anos, que faleceu no hospital.
- Escutei tiros e um dos fiéis saiu do local gritando "É um massacre!" - disse uma testemunha.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, violentamente criticado por Israel, condenou a "morte de fiéis que oravam em uma sinagoga", assim como "a morte de civis independente do lado".
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu que o país vai reagir "com mão de ferro ao assassinato de judeus". Em um comunicado, Netanyahu afirma que o ataque é o "resultado direto" da incitação feita pelo presidente palestino.
- Isto é o resultado direto da incitação feita pelo Hamas e por Abu Mazen (Abbas), incitação que a comunidade internacional ignora de maneira irresponsável - declarou o primeiro ministro.
O secretário de Estado americano, John Kerry, condenou o atentado, que chamou de ato de "puro terror e de brutalidade sem sentido", ao mesmo tempo que pediu aos dirigentes palestinos que denunciem o ataque. O presidente francês, François Hollande, condenou o "odioso atentado" e os "que celebraram o ato".
Atentado em resposta a assassinato de palestino
Em comunicado, o Hamas afirmou que o ataque é uma resposta ao assassinato de Yusef Ramuni, um motorista de ônibus palestino encontrado morto no domingo em Jerusalém Ocidental..
A polícia israelense concluiu que Ramuni cometeu suicídio, ao contrário da avaliação de um médico palestino que examinou o corpo. A família rejeitou com veemência a tese de suicídio e disse que Ramuni, pai de dois filhos, era um homem feliz.
A descoberta do corpo de Ramuni aumentou ainda mais a tensão em Jerusalém, que desde junho entrou em um ciclo de violência sem trégua entre israelenses e palestinos. No início de julho, extremistas judeus queimaram vivo um adolescente palestino de Jerusalém Oriental, como uma forma de vingança pelas mortes de outros três israelenses.
Desde então, a Cidade Sagrada registra confrontos noturnos cotidianos na parte palestina, anexada por Israel. Diariamente, jovens palestinos atiram pedras contra os policiais israelenses fortemente equipados.
A escalada de violência entrou em uma nova fase no mês passado, quando um palestino avançou com um automóvel contra um ponto de ônibus. Outros dois palestinos seguiram o exemplo com ataques fatais em Jerusalém e na Cisjordânia ocupada. Depois começaram os ataques com facas, que chegaram às ruas de Tel Aviv.
Hamas pede novos ataques
Nenhum ataque foi reivindicado de maneira direta, mas alguns foram cometidos por integrantes da Jihad Islâmica ou do Hamas. O Hamas afirmou que o ataque era uma "resposta à série de crimes do ocupante" na mesquita de Al-Aqsa, que fica na Esplanada das Mesquitas, na Cidade Antiga de Jerusalém, epicentro da tensão.
,O ministro israelense da Economia, Naftali Bennett, líder do partido religioso nacionalista Lar Judeu, criticou Abbas.
- Mahmud Abbas, com suas incitações à violência, declarou guerra a Israel e devemos reagir em consequência - disse Bennet.
O ministro israelense da Segurança Interna, Yitzhak Aharonovitch, atribuiu a violência ao Hamas e a Abbas.
- Abbas e o Hamas utilizam todos os pretextos para incitar a violência, inclusive o suicídio de um motorista de ônibus - disse o ministro.
*AFP