
Dezoito anos após a aprovação do projeto, em 1996, e oito depois da ordem de início das obras, em 2006, a duplicação da ERS-118, uma das principais rodovias da Região Metropolitana, tem hoje apenas metade dos trabalhos concluídos.
Embora o governo do Estado projete o término até o fim de 2015, quem transita pela estrada tem motivos de sobra para desconfiar do otimismo oficial.
Além de centenas de casas e estabelecimentos comerciais que permanecem no trajeto da nova pista, outros obstáculos - como um motel e até parte de um cemitério - precisam ser removidos para que as máquinas avancem.
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Dos 22,4 quilômetros de extensão que estão sendo duplicados, entre a BR-290 (freeway) e o entroncamento da BR-116 com a BR-448, 11 já têm circulação de veículos nas duas pistas. No restante do trecho, que abrange áreas de Gravataí, Cachoeirinha, Esteio e Sapucaia do Sul, partes já duplicadas alternam-se com vias simples, formando verdadeiros funis de trânsito, que testam a paciência dos motoristas em uma imensa sequência de trocas de pista dupla para simples - e vice-versa.
Em vários pontos, as obras não puderam prosseguir em razão da ocupação da faixa de domínio, área com extensão entre 30 e 50 metros às margens da rodovia, onde são vetadas a ocupação e a construção de edificações sem a autorização do Daer. Ao longo dos anos, apesar da proibição, milhares de casas e estabelecimentos comerciais foram construídos às margens da ERS-118.
E o processo para desocupação dessas áreas é complexo. Inicialmente, o governo oferece aos moradores com renda de até três salários mínimos a possibilidade de inscrição no programa Aluguel Social, pelo qual recebem até R$ 500 mensais, por até dois anos, enquanto aguardam a realocação em unidades habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida.
Nos casos em que o ocupante não aceita a proposta, o Estado ingressa com ação judicial visando à reintegração de posse. Embora 1.076 famílias já tenham aceitado sair, o governo ainda luta para desocupar outros 150 terrenos (120 em Sapucaia), que impedem o progresso das máquinas.
Em alguns trechos, uma ou duas casas permanecem no trajeto da nova pista, impedindo assim a realização dos trabalhos. Em Sapucaia, há pontos em que a faixa de domínio não é ocupada por imóveis, mas há postes de energia da distribuidora AES Sul, que também terão de ser realocados.
- Há reintegrações já feitas, mas que não têm efeito porque ainda há outras a serem executadas na mesma área. A coisa vai a conta-gotas - diz José Thadeu Almeida, gerente da obra pela Secretaria-Geral de Governo.