
Os planos de entregar o Mercado Público reformado à população até o fim de outubro, adiados para o verão de 2015, serão frustrados novamente. O restauro de parte do telhado afetada por um incêndio em julho de 2013, que levará pelo menos oito meses para ser concluído, pode deixar o local em obras até o fim do ano que vem.
Recebido nesta semana pelo PAC Cidades Históricas, o orçamento da colocação de brises (ou quebra-sóis, utilizados para reduzir a incidência de luz solar), telhas, calhas e telas - estas últimas para evitar a entrada de pássaros no local - terá de passar por três avaliações antes de ser executado.
Depois de analisada pelo PAC Cidades Históricas, a documentação passará pela superintendência do Instituto do Patrimônio Histórcio e Artístico Nacional (Iphan) no Rio Grande do Sul e, por último, pelo exame do Iphan em Brasília. Só então ocorre a elaboração e assinatura do contrato e, finalmente, é dada a ordem de início da obra.
- Como não é obra de restauração usual, quando chega no PAC, isso é visto com lupa. A análise orçamentária costuma pedir detalhamentos, porque tudo tem de ser justificado. A análise da estrutura metálica levou 60 dias só em Brasília - explica Briane Bicca, coordenadora do PAC Cidades Históricas de Porto Alegre.
A instalação da estrutura metálica que substituirá a que foi afetada pelo fogo está em fase de conclusão, e ela deve passar por uma vistoria na quarta-feira. Já o restante da cobertura, em um perspectiva otimista, levará pelo menos 10 meses para ficar pronta.
- Oito meses (de obra) parece um tempo exagerado, mas o telhado não tem só placas no sentido horizontal. Tem placas no sentido vertical também. Elas têm de ser medidas uma a uma e depois cortadas individualmente, quase um artesanato. É um trabalho demorado, mas não há outra maneira - explica Briane.
Fechado desde setembro, Parque de Itapuã volta funcionar apenas nos finais de semana
Marinha aprova projeto do Catamarã da Zona Sul de Porto Alegre
O telhado, no entanto, não é a única pendência na requalificação da estrutura do Mercado. A instalação de redes elétricas, hidrossanitárias e de refrigeração pode ficar para o segundo semestre de 2015. Isso porque as empresas que executarão a obra ainda estão alaborando os projetos, que devem chegar aos cuidados do PAC de Porto Alegre só no fim de março. Após, o procedimento burocrático descrito acima se repete. Como em um piscar de olhos, será junho de 2015.
Paralelamente à instalação das redes, deve ocorrer a implantação do Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI) e a realização das obras de acessibilidade previstas para o local. Atualmente, é relizada a restauração da parte de alvenaria que pegou fogo no ano passado. A obra, em estágio avançado, pode ser concluída em março.
Segundo a coordenadora do PAC, os desdobramentos que emperram a devolução definitiva do prédio à comunidade não tinham como ter sido detectados no início dos trabalhos. No caso da cobertura, por exemplo, os danos só puderam ser dimensionados com a utilização de um braço telescópico, equipamento usado para mostrar imagens de cima para baixo.
- Não havia a menor condição de fazer uma previsão inicial sem ter a noção dos danos. Mas, se houvesse manutenção correta, esse incêndio não teria acontecido. Agora é correr atrás do prejuízo.
Leia todas as notícias de Zero Hora
Leia todas as notícias de Porto Alegre
Restaurantes do andar atingido pelo fogo seguirão em estrutura provisória
Com a extensão do período de obras, sete estabelecimentos do segundo andar do Mercado Público terão de ficar mais alguns meses na estrutura provisória montada na parte térrea do prédio. Mas apesar da expectativa pelo retorno ao antigo espaço, os permissionários afetados não pensam em deixar o local.
- Estamos por fora de quanto tempo vai levar (a obra). Mas estamos felizes aqui. O importante é estar trabalhando - disse Cláudio Adam, proprietário do Bar Chope 26.
Obra que abrirá José Montaury a veículos deve ser concluída em dezembro
Fechado há dois meses, Café do Lago deve ser devolvido à prefeitura da Capital
A estrutura improvisada no térreo conta com 400 lugares. Além do Bar Chope 26, os restaurantes Mamma Júlia, Taberna 32, Telúrico, Sayuri, a sorveteria Beijo Frio e a Casa de Pelotas estão instalados no local.
Dono do japonês Sayuri, que funcionava no segundo andar do Mercado desde 2000, Francisco Assis dos Santos Nunes está satisfeito com as instalações. Depois de meses de portas fechadas após o incêndio, encarou com otimismo o ponto provisório.
- O espaço aqui é menor, mas a despesa é menor também. Estamos ansiosos para voltar, mas equanto não estiver pronto, nossa intenção é ficar aqui.
Pagamento de seguro é negociado pela prefeitura
Mais de um ano depois do incêndio que afetou a parte superior do Mercado Público, a prefeitura ainda tenta negociar o pagamento do seguro no valor de R$ 16 milhões relativo às perdas. Segundo o vice-prefeito Sebastião Melo, o Executivo quer que a situação seja resolvida na mesa de negociações.
- Ainda não ajuizamos a ação. Estamos esgotando todas as negociações. O pior acordo é sempre melhor que qualquer decisão judicial - disse.
Prefeitura e BM propõem que aglomerações na Cidade Baixa vão para o Anfiteatro Pôr-do-Sol
Prefeitura quer R$ 19,5 mil de pichadores do Paço Municipal
Inaugurado em 1869 para abrigar o comércio de abastecimento da cidade, o Mercado foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural do município em 1979. O prédio sofreu quatro incêndios: em 1912, 1976, 1979 e 2013. Cerca de 1,2 mil pessoas trabalham no local.
As obras começaram depois do incêndio que atingiu parte do prédio, em 6 de julho de 2013. O custo total da recuperação será de aproximadamente R$ 19 milhões, com recursos do PAC Cidades Históricas.